PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS: “Pra mode vê, o cristão tem que andá a pé” - Por Sérgio Botelho

Soube que na Sardenha, uma ilha mediterrânea a Oeste da Península Itálica, os caminhos a pé para os turistas estão ganhando cada vez mais dimensão.

Os trajetos permitem ao visitante admirar o patrimônio natural, arquitetônico, gastronômico, histórico, religioso e cultural. Lembrei logo de Luiz Gonzaga na Estrada de Canindé “…olando coisa a grané, coisas qui pra mode vê, o cristão tem que andá a pé”.

Sem dúvida alguma, o projeto “Nós Caminhamos na Sardenha”, é um bom exemplo de criatividade que pode ser copiada em João Pessoa, uma cidade histórica e tão cheia de singularidades, normalmente, tão pouco percebidas, e que devem ser exploradas, a pé.

Trata-se de uma proposta não apenas de mobilidade, mas uma forma sensível de reconectar moradores e visitantes com os sentidos da cidade.

A capital paraibana, com seu centro histórico em boa parte preservado (muita coisa ainda a fazer, né?!), suas igrejas centenárias, casarios coloniais, ruas de pedra, mercados, praças e becos que guardam histórias, seria um cenário ideal para um projeto semelhante. Caminhar por João Pessoa é atravessar camadas do tempo.

Em poucos passos, seria possível sair de uma praça movimentada e dar de cara com uma igreja das primeiras décadas de fundação da cidade, ou entrar num sobrado onde ainda ressoa o eco de um passado que permanece. E as ideias de roteiros são muitas.

A criação de roteiros temáticos ou de espaços memoriais — por exemplo, “João Pessoa Religiosa”, “Sabores do Centro”, “Caminhos do Azulejo”, “Ruas que Falam da Guerra do Paraguai”, “Circuito dos Quintais”, “Histórias da Rua Nova e da Rua Direita e da Rua da Areia e da Rua Maciel Pinheiro” — poderia transformar a experiência urbana em um verdadeiro mergulho identitário.

Guias locais, placas interpretativas, mapas ilustrados e até aplicativos deveriam compor esse esforço de valorização do território a partir da caminhada.

Além de promover o turismo de forma sustentável e mais democrática, ao alcance dos pés e da curiosidade, a iniciativa ainda incentiva o comércio local, a revitalização de espaços públicos e o senso de pertencimento.

Caminhar é ver com mais calma, sentir cheiros, escutar vozes, conversar com os mais antigos, e descobrir aquilo que passa despercebido quando se cruza a cidade apenas por vias rápidas ou dentro de carros.

Sardenha apostou nos sentidos e na lentidão como formas de turismo. João Pessoa, tem tudo para seguir esse caminho.

Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba

Sérgio Botelho

Sergio Mario Botelho de Araujo Paraibano, nascido em João Pessoa em 20 de fevereiro de 1950, residindo em Brasília. Já trabalhou nos jornais O Norte, A União e Correio da Paraíba, rádios CBN-João Pessoa, FM O Norte e Tabajara, e TV Correio da Paraíba. Foi assessor de Comunicação na Câmara dos Deputados e Senado Federal.

Sergio Mario Botelho de Araujo Paraibano, nascido em João Pessoa em 20 de fevereiro de 1950, residindo em Brasília. Já trabalhou nos jornais O Norte, A União e Correio da Paraíba, rádios CBN-João Pessoa, FM O Norte e Tabajara, e TV Correio da Paraíba. Foi assessor de Comunicação na Câmara dos Deputados e Senado Federal.