PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS: Pertencimento, memória e identidade - Por Sérgio Botelho

Há um bom número de figuras, verdadeiros entusiastas, registrando a cidade de João Pessoa, por meio da escrita e da imagem, especialmente o seu Centro Histórico.

Esse movimento, que cresce sobretudo nas redes sociais, revela não apenas o interesse pela estética urbana ou pela arquitetura antiga, mas, a meu ver, uma busca mais profunda por pertencimento, memória e identidade.

Fundada em 1585, João Pessoa é a terceira cidade mais antiga do Brasil e, mesmo com mais de quatro séculos de história e inúmeras reformas urbanas, ainda guarda relíquias preciosas: exemplares arquitetônicos de diferentes estilos, desde o barroco colonial ao art déco, passando pela art nouveau, além de praças mais que centenárias e ruas calçadas em paralelepípedos, testemunhas silenciosas de outras épocas.

Esses vestígios urbanos resistem ao tempo e às pressões da modernização acelerada, sustentando o que resta de uma paisagem cultural que nos ajuda a compreender os caminhos da cidade e de seu povo.

A multiplicidade de postagens, registros e comentários sobre esses lugares é, portanto, um gesto de resistência simbólica e também de valorização afetiva. Fotografar a fachada de uma igreja antiga, narrar a história de uma praça esquecida ou relembrar os antigos quintais é, no fundo, um ato político e cultural.

Essa preocupação, em certa medida, massiva — como se fosse um pacto silencioso entre cidadãos atentos — é evidentemente bem-vinda. Ao dar visibilidade ao Centro Histórico, ao restaurar sua importância na memória coletiva e ao provocar reflexões sobre sua preservação, tais manifestações contribuem para uma nova forma de cuidado com a cidade.

Vejo, mesmo, apesar de sua espontaneidade, como um movimento de educação patrimonial, que surge não apenas dos especialistas ou dos órgãos públicos, mas das pessoas comuns, que reconhecem no passado urbano um espelho para entender o presente e pensar o futuro.

Na foto, o conjunto carmelita, entre as primeiras construções do Centro Histórico de João Pessoa.

Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba

Sérgio Botelho

Sergio Mario Botelho de Araujo Paraibano, nascido em João Pessoa em 20 de fevereiro de 1950, residindo em Brasília. Já trabalhou nos jornais O Norte, A União e Correio da Paraíba, rádios CBN-João Pessoa, FM O Norte e Tabajara, e TV Correio da Paraíba. Foi assessor de Comunicação na Câmara dos Deputados e Senado Federal.

Sergio Mario Botelho de Araujo Paraibano, nascido em João Pessoa em 20 de fevereiro de 1950, residindo em Brasília. Já trabalhou nos jornais O Norte, A União e Correio da Paraíba, rádios CBN-João Pessoa, FM O Norte e Tabajara, e TV Correio da Paraíba. Foi assessor de Comunicação na Câmara dos Deputados e Senado Federal.