Em março de 1817, sob o comando geopolítico do Recife, o Nordeste Setentrional pegou em armas visando libertar o Brasil do domínio português, e implantar a República. Aliás, ambas as providências foram tomadas assim que o governador da Capitania de Pernambuco retirou-se para o Rio de Janeiro, fugindo dos acontecimentos. Então, os revoltosos proclamaram a República, decretando liberdade de imprensa e de credo.
Chegaram ainda a escrever uma Constituição contendo direitos e garantias individuais. Embora não para os negros, pois, contraditoriamente, não pretenderam acabar com a escravidão. A revolução durou apenas de 6 de março a 20 de maio de 1817, quando tropas reais enviadas do Rio de Janeiro e da Bahia ao Recife dominaram a situação e acabaram com o movimento. Seus líderes foram presos e muitos executados.
Da Paraíba, onde alguns deles tiveram partes de seus corpos expostos em pontos da cidade de Parahyba do Norte e de Pilar, morreram Amaro Gomes Coutinho, Padre Antônio Pereira de Albuquerque, Francisco José da Silveira, Inácio Leopoldo de Albuquerque Maranhão, José de Melo Muniz, João Nepomuceno de Albuquerque Maranhão, Joaquim José Monteiro da Fonseca, José Gonçalves de Medeiros e José Peregrino Xavier de Carvalho. Este último, um jovem de 18 anos.
Contra ele foi lavrada e aceita a seguinte acusação: “no dia 13 mandou dar fogo à peça que estava na frente da guarda; depois de 2 tiros de peças veio à frente de tropas de todas as cores, e andou em expediente de ordens com satisfação; foi com uma expedição auxiliar o levanta do Rio Grande do Norte; no dia 12 de março foi com patrulhas cercar a casa do Ouvidor; andou na diligência de picar as armas reais que estavam em todos os edifícios da cidade; foi cabeça da rebelião, e antes juntava outros em casa de Francisco Xavier Monteiro por alta noite; dizia aos soldados que estavam em sua liberdade; fez proclamações e falava contra El-Rei; depois de restaurada a cidade marchou para Mamanguape, em socorro dos insurgentes, e pretendeu entrar nela à força de armas”.
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Antes disso, pressionado pelo pai de crucifixo nas mãos e em altos brados a se entregar às tropas reais, Peregrino de Carvalho assim o fez. O pai tinha recebido promessa dos realistas de que a vida do rapaz seria poupada. Segundo registros, embora haja informações conflitantes, o imóvel da foto (que segundo inscrição afixada na entrada mantém características frontais da época) teria sido onde Peregrino de Carvalho nasceu e depois ficou preso, antes de ser enforcado em Recife.
A rua onde fica o imóvel, que historicamente se chamava Beco da Misericórdia, passou, a partir do início do Século XX, a se denominar rua Peregrino de Carvalho, em homenagem ao herói paraibano. Há reivindicações, contudo, no sentido de que a casa de Peregrino de Carvalho deva ter destino mais cívico e educacional em favor da história da Paraíba e do Brasil. Que hoje não tem.
Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba
