PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS: Pegar a sopa - Por Sérgio Botelho

Nesses dias, em meio a minhas pesquisas, encontrei um anúncio, digamos, oficial, publicado no A União, sobre o antigo Hotel Luso Brasileiro, na Praça Álvaro Machado, no Varadouro —hoje em avançado estado de arruinamento. A praça tinha posição altamente estratégica, especialmente até a década de 1930, período em que essa casa de hóspedes viveu seus dias de maior brilho, em João Pessoa, antes de entrar em declínio e fechar as portas. A Praça Álvaro Machado era ponto de parada dos ônibus que vinham do interior ou iam para lá, e até para outros estados. Originalmente, ficava também em frente à antiga estação ferroviária — que depois foi construída no local onde hoje funciona, em frente à Praça Napoleão Laureano — e, também, ao Porto do Varadouro. O anúncio, lógico, fazia questão de ressaltar essa posição estratégica do hotel: em frente à estação da Great Western. Além disso, destacava a outra particularidade favorável: a “parada de todas as sopas (sic) do interior e Recife”. Que curiosidade interessante! Sempre soube que sopa, para nós, significava ônibus, mas nunca havia encontrado anúncio tão explícito sobre isso, especialmente em um comunicado comercial publicado na imprensa, o que demonstra a normalização desse conceito consagrado. De onde vem essa denominação? Sem muito esforço, é fácil comparar um ônibus lotado a uma sopa, onde, em vez de ingredientes, há pessoas de diferentes tipos, lugares, costumes e cheiros. Tal como uma panela de sopa, um ônibus também é um espaço apertado, abafado e quente. Como o povo sempre foi rápido em estabelecer comparações com as vivências diárias, uma denominação criativa facilmente se transforma em apelido consagrado. Portanto, aqui vai uma dica para as novas gerações: quando ouvirem “lá vem a sopa”, saibam que pode não ser exatamente o tradicional prato de comida, mas apenas um ônibus.

Na foto, ruínas do Hotel Luso Brasileiro, na Praça Álvaro Machado.

Sérgio Botelho

Sergio Mario Botelho de Araujo Paraibano, nascido em João Pessoa em 20 de fevereiro de 1950, residindo em Brasília. Já trabalhou nos jornais O Norte, A União e Correio da Paraíba, rádios CBN-João Pessoa, FM O Norte e Tabajara, e TV Correio da Paraíba. Foi assessor de Comunicação na Câmara dos Deputados e Senado Federal.

Sergio Mario Botelho de Araujo Paraibano, nascido em João Pessoa em 20 de fevereiro de 1950, residindo em Brasília. Já trabalhou nos jornais O Norte, A União e Correio da Paraíba, rádios CBN-João Pessoa, FM O Norte e Tabajara, e TV Correio da Paraíba. Foi assessor de Comunicação na Câmara dos Deputados e Senado Federal.