Opinião

PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS: Os sorveteiros Manoel e Zé da Paz - Por Sérgio Botelho

Manoel e Zé da Paz foram os sorveteiros mais famosos que já se viu em João Pessoa, nos tempos de minha infância-juventude de Pio XII, Lins de Vasconcelos e Liceu Paraibano. Havia outros, mas deles me lembro mais.

Foto: Sergio Botelho

Manoel e Zé da Paz foram os sorveteiros mais famosos que já se viu em João Pessoa, nos tempos de minha infância-juventude de Pio XII, Lins de Vasconcelos e Liceu Paraibano. Havia outros, mas deles me lembro mais.

Depois que entraram em cena as grandes linhas de sorvetes, e seus carrinhos padronizados, começaram a desaparecer as pequenas fábricas artesanais que carimbavam os sorvetes com o nome e o sobrenome de seus fabricantes; eles mesmos, comerciantes de suas próprias criações.
Não raramente, as carrocinhas de sorvete secavam antes dos últimos estudantes buscarem o produto. Tocou final das aulas, fizesse chuva ou sol, lá estavam Zé da Paz e Manoel, os dois mantendo uma concorrência aparentemente leal, porque, não fosse assim, não escapariam às provocações da meninada, e sucumbiriam na gandaia.

Zé da Paz seguiu seu caminho artesanal. Chegou mesmo a conviver, ele e sua carrocinha, com a concorrência das marcas Kibon, Maguary, entre outras. Algumas vezes, na década de 1970, encontrei Zé da Paz em portas de colégio a comercializar o seu produto. E foram vários esses encontros uma vez que, durante parte da vida adulta, fui professor (Rio Branco, Cursinho União, Regina Coeli), e, assim, voltei às portas de colégios de João Pessoa.

Manoel cresceu empresarialmente ampliando a fama com a instalação da Sorveteria Tropical, cuja frequência era tão extraordinária que chegava a formar filas de clientes. Sinceramente, não sei dizer se os sorvetes de marca nacional ou internacional comercializados hoje são menos ou mais saborosos que os de Manoel e Zé da Paz, da João Pessoa de ontem.

O que sei dizer é que, mais que qualquer uma dessas marcas famosas, são eles os que conseguem nos transportar a uma época que não tem retorno possível. Nós os conhecíamos pelo nome e eles também a nós. Era isso que fazia a diferença, nos tornando todos cúmplices de uma mesma história que foi sendo escrita pouco a pouco, mas que passou ligeiro como é costume do tempo.

Saudades de Manoel, Zé da Paz, de seus sorvetes e de toda uma época.

Fonte: Sergio Botelho
Créditos: Polêmica Paraiba