Opinião

PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS: Os jesuítas na Paraíba - Por Sérgio Botelho

Os jesuítas chegaram à Paraíba em 1585, acompanhando as expedições colonizadoras, junto com franciscanos, carmelitas, beneditinos

Na foto de cima, o conjunto jesuítico ainda com a Igreja da Conceição. Abaixo, imagem atual, com o jardim do palácio e a torre da velha igreja.
Na foto de cima, o conjunto jesuítico ainda com a Igreja da Conceição. Abaixo, imagem atual, com o jardim do palácio e a torre da velha igreja.

Marcada por períodos de atuação e expulsão, a presença dos jesuítas na Paraíba é capítulo importante na construção do estado, deixando legado significativo na educação, na conformação urbana e na cultura locais.

Os jesuítas chegaram à Paraíba em 1585, acompanhando as expedições colonizadoras, junto com franciscanos, carmelitas, beneditinos e os irmãos leigos da Santa Casa de Misericórdia. Seu principal objetivo era a catequização dos indígenas, buscando convertê-los ao cristianismo e integrá-los à sociedade colonial.

Além da catequese, os jesuítas se dedicaram ao ensino, especialmente à educação de indígenas e colonos. Eles foram, mesmo, pioneiros na educação na Paraíba. Contudo, a atuação deles nem sempre foi pacífica, pois se envolveram em conflitos com os colonos por defenderem os indígenas da escravidão, o que gerou atritos com as autoridades coloniais.

Isso resultou em expulsões temporárias, como a ocorrida em 1589 durante o governo de Feliciano Coelho, na Paraíba. Em 1759, por determinação do Marquês de Pombal, secretário de Estado português por quase 30 anos, durante o reinado de D. José I, a Companhia de Jesus foi expulsa dos territórios portugueses.

Na Paraíba, a medida resultou em fechamento das missões jesuíticas e transferência de seus bens para a Coroa. A expulsão dos religiosos teve impactos sérios na estrutura social e econômica da região, com muitas reclamações ao Reino, afetando a assistência religiosa e a educação. Apesar das dificuldades, o trabalho educacional dos jesuítas deixou marcas na cultura paraibana, bem como significativo legado em pedra e cal no estado.

Em João Pessoa, o conjunto arquitetônico jesuítico, composto pela Igreja de São Gonçalo (depois, Nossa Senhora da Conceição, demolida em 1929), pelo Colégio e pelo Convento (hoje, entretanto, resumida ao Palácio da Redenção e à Faculdade de Direito, na Praça João Pessoa), é testemunho da presença da ordem na cidade.

Sérgio Botelho

Sergio Mario Botelho de Araujo Paraibano, nascido em João Pessoa em 20 de fevereiro de 1950, residindo em Brasília. Já trabalhou nos jornais O Norte, A União e Correio da Paraíba, rádios CBN-João Pessoa, FM O Norte e Tabajara, e TV Correio da Paraíba. Foi assessor de Comunicação na Câmara dos Deputados e Senado Federal.