Sobre a história da atual Praça João Pessoa, sempre me intrigou a sucessão de denominações ostentadas por aquele logradouro público, desde o seu início, segundo consta, nos primeiros anos do Século XIX. Antes disso, ao que me parece, era o Largo do Colégio, para se referir ao Colégio dos Jesuítas, um prédio ainda no local. Nesta terça-feira, 13, pela manhã, havia um desafio de gente amiga, a mim dirigida, pelo WhtsApp, nos seguintes termos: quem foi Felizardo Leite? Respondi o que sabia, inclusive que ele nunca fora comendador e sim médico, e fui pesquisar mais.

Felizardo Leite foi o último dos nomes usados, antes de se tornar João Pessoa, para cognominar a praça, uma das mais emblemáticas da vida urbana pessoense. Mas, lá atrás, no Século XIX, também foi chamada de Comendador Felizardo, o que termina provocando confusão de Felizardos. Descobri que são simplesmente avô e neto. Vamos lá: o Comendador Felizardo não era outro senão Felizardo Toscano de Brito, que viveu entre os anos de 1814 e 1876, nascido em Parahyba (ou seja, na atual João Pessoa, embora haja quem crave seu local de nascimento como Mamanguape), e que se notabilizou por ter sido vice-presidente da Província da Parahyba, por vezes assumindo a presidência.

O mais recente, Felizardo Toscano Leite Ferreira, nascido em 1863, segundo obituário publicado em A União de 29 de maio de 1930, era filho de João Leite Ferreira, chefe político liberal e proprietário de terra em Piancó, e de Eugênia Toscano de Brito, por sua vez, filha do primeiro Felizardo, o comendador, e ele, portanto, neto.

Sobre Felizardo Leite, que se formou em Medicina na Bahia, o que se diz é que nasceu em Piancó, onde efetivamente faleceu em 1930, de bem com Epitácio Pessoa e com João Pessoa, com os quais andou de mal. (Mas há também quem o inscreva como nascido na cidade de Parahyba). Felizardo Leite foi deputado federal e estadual, eleito com base em Piancó, e exerceu a presidência da Assembleia Legislativa no período de 1908 a 1910. Pois bem. Esses, segundo apurei, são os dois Felizardos que, em épocas diferentes, emprestaram seus nomes à Praça João Pessoa.

(A foto, do Acervo Walfredo Rodrigues, postada por Vandilo Brito, no Facebook, é da Praça Felizardo Leite, em 1930, onde ainda se vê o belo coreto, substituído pelo Altar da Pátria, e a estátua de Epitácio Pessoa, que depois foi para início da avenida do mesmo nome, entre a Praça da Independência e Tambaú)

Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Sérgio Botelho