Foto: Sérgio Botelho

O folião podia até estar borocoxô, mas quando o dia ia raiando e, então, a orquestra fazia soar os pistons, e entrava para valer com a Vassourinha, aí, meu amigo, haja emoção! Estava terminando mais um Vermelho e Branco no tradicional Esporte Clube Cabo Branco, concluindo a folia pra cima, em altos decibéis, no pique! Abraçados, os casais respondiam à orquestra como se tivessem recebido um passe extra de energia.

O Vermelho e Branco, tradição do Clube Cabo Branco, desde 1953, segundo nos ensinou o sempre lembrado pesquisador e jornalista pessoense, Willis Leal, abria o carnaval de João Pessoa com muito charme e glamour. Como em várias outras manifestações culturais e esportivas, ao longo do ano, no carnaval do clube do Miramar, que já foi em Jaguaribe, rivalizava com o Azul e Branco do Clube Astrea, duas prévias carnavalescas a mobilizar amplamente a sociedade local. Aliás, é possível identificar no Azul e Branco, no Vermelho e Branco e, posteriormente, no Verde e Branco, do Jangada Clube, e, ainda, no Banho a Fantasia de Areia Vermelha, com ponto de partida na Praia do Poço, essa tradição da capital paraibana para o que hoje é conhecido como pré-carnaval, que vai ser tornando marca do período momesco pessoense.

Os foliões do Vermelho e Branco, não raramente, iam terminar a folia na praia de Tambaú. Era o séquito da felicidade, a procissão da alegria. O que permite considerar a festa como uma espécie de precursora do extraordinário bloco de arrasto Muriçocas do Miramar, exatamente descendo, às centenas de milhares de foliões, a ladeira do bairro no rumo da praia. Nos dias que correm há um esforço – louvável, é preciso dizer de antemão – das novas diretorias do Cabo Branco, em reviver o Vermelho e Branco, mas, inevitavelmente, sem o mesmo brilho e significado de outros tempos.

Isso, porque, não há mais, como havia antigamente, com relação aos clubes, o mesmo prestígio. Eram tempos em que as famílias se reuniam nos clubes para curtir festas tradicionais, como o Carnaval, o Vermelho e Branco, Festa das Debutantes, São Pedro (clube Astrea), e outras que tais, não mais existentes. Aquele tempo, se foi.

Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Sérgio Botelho