Cerca de 15 anos depois da primeira transmissão brasileira de voz ao vivo por ondas de rádio, executada no Rio em 7 de setembro de 1922, pelo paraibano Epitácio Pessoa exercendo a presidência da República, foi que a Paraíba inaugurou sua primeira emissora radiofônica. O feito local se realizou por conta do governo Argemiro de Figueiredo, e o ato histórico aconteceu em 25 de janeiro de 1937, segundo aniversário de posse do governador.
A Rádio Difusora da Parahyba (PRI-4) funcionou inicialmente nas dependências do jornal A União (prédio lamentavelmente derrubado no governo Ernany Sátiro, na década de 1970, para a construção do que atende hoje à Assembleia Legislativa da Paraíba), na Praça João Pessoa. Meses depois foi transferida para um novo prédio, idealizado e construído pelo arquiteto Clodoaldo Gouveia (o mesmo do Lyceu e da Secretaria da Fazenda), na Rodrigues de Aquino.
Finalmente, em 9 de agosto de 1985, o então governador Wilson Braga inaugurou o espaço que até hoje abriga a emissora, no Corredor Pedro II, quando o antigo foi derrubado para a edificação do Anexo Administrativo do Tribunal de Justiça da Paraíba. Na sequência do tempo, o governo José Maranhão inaugurou mais uma emissora Tabajara, no caso, a FM, de tanto sucesso, a partir de então. Enfim, o atual governador João Azevedo, além de criar a Empresa Paraibana de Comunicação, reunindo A União e Tabajara, sob a presidência da jornalista Naná Garcez, e tendo na Secretaria de Comunicação o jornalista Nonato Bandeira, inaugurará, proximamente, a nova Tabajara AM com tecnologia de FM, retomando o nome original de Parahyba, um passo significativo na consolidação da histórica rádio paraibana.
Contudo, o meu assunto de hoje refere-se justamente ao velho prédio da Rodrigues de Aquino, aproveitando para isso o Dia Nacional do Rádio, festejado neste 25 de setembro, e que coincide com a data de nascimento de Edgard Roquette Pinto, fundador da primeira rádio do Brasil, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, hoje Rádio MEC. A Tabajara viveu nas décadas seguintes à inauguração um período de enorme sucesso, com direito a orquestra e casting próprios. (Marcou época na história musical brasileira a Orquestra Tabajara, que nasceu e se criou no velho prédio da Rodrigues de Aquino sob a regência do maestro Severino Araujo,).
Aproveitou-se bem de uma época, décadas de 1940, 1950 e 1960, em que o rádio brasileiro gestou os mais famosos cantores, compositores, orquestras, além de roteiristas, autores e atores de radionovela. O sucesso das rádios se materializava em programas de auditório, e o prédio da Rodrigues de Aquino tinha o seu próprio espaço para shows, onde se apresentaram, ao longo do tempo, Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Ângela Maria, Cauby Peixoto, Nelson Gonçalves, Augusto Calheiros, Dalva de Oliveira, Carlos Galhardo, Vicente Celestino, Orlando Silva, Sivuca, a internacional Orquestra de Tommy Dorsey, o cantor mexicano Bievenido Grande, entre outros nomes da música brasileira e internacional.
Época em que brilhou, na apresentação dos programas de auditório, o icônico radialista-apresentador Pascoal Carrilho, inspirador de tantas histórias que entre verdades e invenções o transformaram numa das figuras mais famosas da história da cidade de João Pessoa. Na representação feminina, destaque para Ana Paula e Zélia Gonzaga, duas vozes marcantes na história da emissora. Nesses dias, em minhas pesquisas, li uma crônica deliciosa de se ler assinada pelo poeta amigo Saulo Mendonça, com o título “O radiante Pascoal Carrilho”, no Ambiente de Leitura Carlos Romero.
Trata-se de texto altamente recomendável, como tudo o que escreve Saulo, no qual ele engrandece a memória de Carrilho. Saulo usa o escrito, ainda, para lembrar a performance de Eivaldo Botelho, no caso, do Repórter Tabajara, entre outras figuras como Geraldo Cavalcante e Paulo Rosendo, da época de ouro da PRI-4. Sobre Eivaldo, era meu primo em primeiro grau.
Tempos depois, eu mesmo tive a honra de ancorar, na rádio, programas diários de notícias e debates nas luxuosas companhias de Linaldo Guedes, Lenilson Guedes, Josy Aquino e Ivando Oliveira, sob a direção, em momentos diferentes, de Rui Leitão e Genésio de Sousa Neto.
Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba