Opinião

PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS: O siri mole e a Bagaceira - Por Sérgio Botelho

Atendendo a pedidos, hoje retomo tema brando e saudoso, que atende pelos nomes de siri mole e Bagaceira.

PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS: O siri mole e a Bagaceira - Por Sérgio Botelho

Atendendo a pedidos, hoje retomo tema brando e saudoso, que atende pelos nomes de siri mole e Bagaceira. Siri mole é uma iguaria popular e Bagaceira um lugar no inconsciente da cidade de outrora.

O siri passa a “mole” quando está trocando a carapaça, que então fica macia, tornando-o completamente comestível, sem necessidade de remover a casca dura.

O assunto é retomado para lembrar de como esse prato era desejado na velha Bagaceira da Festa das Neves, ponto de encontro de poetas, seresteiros, jornalistas e intelectuais em geral, que curtiam a tradicional novena da padroeira pessoense de uma forma menos pia, já que cercados de bebidas e tira-gostos, embaixo de lonas dispostas em barracas armadas, em desafio à lei da gravidade, ao longo da calçada e do muro do Colégio Nossa Senhora das Neves, na Praça Dom Ulrico e Ladeira da Borborema.

E nem adiantava chuva, o que não é muito difícil de acontecer entre finais de julho e inícios de agosto de todos os anos, na capital paraibana. O siri mole, preparado com o esmero de cuidadosas cozinheiras (famosas, elas até identificavam as barracas) vinha ali de perto, do Porto do Capim, ponto de oferta do pescado. Preocupação da freguesia com higiene não estava entre as prioridades, prevalecia a confiança absoluta nas chefs. Era o jeito!

O siri-mole, mergulhado em caldo com leite de coco ou de tomate e legumes, era habitualmente servido com fatias de pão, permitindo que, após degustar tudo, o cliente raspasse o que ficava no prato. Um espetáculo! Revolucionários e conservadores conviviam harmoniosamente na Bagaceira. Discutir e falar alto, podia.

O propósito era beber, e, conforme o orçamento permitisse (havia muito estudante “quebrado”), degustar as “comidinhas”. Além do siri-mole, se destacavam ainda o caranguejo, preparado de diversas maneiras, e a inigualável buchada de bode. O siri mole, ainda é possível encontrar no Porto do Capim, já referido, além de Cabedelo e Forte Velho.

A Bagaceira acabou, junto com o que a gente entendia até anos atrás como Festa das Neves. Chorare!

O belo cenário onde se postava a Bagaceira, junto com o siri mole.

Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba