Opinião

PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS: O Sagarana: uma boa lembrança - Por Sérgio Botelho

As ousadias do chef Walter Aguiar, proprietário e no comando da cozinha do Sagarana, encantaram o público pessoense. Arrimado em curso feito na tradicional escola francesa Le Cordon Bleu, o novo chef paraibano, com formação em Engenharia Civil, se apresentou com um cardápio bem diferente, revolucionando conceitos gastronômicos a partir daquela casa de pastos das décadas de 1990 e 2000, em Tambaú.

Foto: Internet

As ousadias do chef Walter Aguiar, proprietário e no comando da cozinha do Sagarana, encantaram o público pessoense. Arrimado em curso feito na tradicional escola francesa Le Cordon Bleu, o novo chef paraibano, com formação em Engenharia Civil, se apresentou com um cardápio bem diferente, revolucionando conceitos gastronômicos a partir daquela casa de pastos das décadas de 1990 e 2000, em Tambaú.

O restaurante Sagarana, a homenagear romance homônimo de Guimarães Rosa, funcionou onde hoje existe o Flat Imperial, no meio do caminho do trajeto avenida Epitácio Pessoa-avenida Rui Carneiro, bem perto da avenida Nego. Ao tempo, era uma casa estilo veraneio tradicional, dos anos 1940, com um terraço em L, mas restaurada e adaptada para servir ao projeto.

Nesse endereço, o empreendimento funcionou entre 1996 e 2002, com enorme sucesso. Skank, Billy Paul, Chico César (muitas vezes) e Toquinho foram artistas que passaram pelas suas mesas em momentos diversos. No ano 2000, o Sagarana chegou a ter filiais em Natal e em Pipa. A cozinha era atraente na medida que usava elementos inovadores de composição dos pratos, no que se refere aos sabores finais da região, principalmente frutas misturadas a frutos do mar. Havia o de camarões ao molho de maracujá, por exemplo.

No início da década de 1990 foi criada no Brasil a Associação dos Restaurantes da Boa Lembrança que se caracterizavam principalmente pela entrega de um prato de cerâmica exclusivo aos clientes que escolhiam no menu justamente o Prato da Boa Lembrança, e o Sagarana fazia parte do circuito.

Era assim: ao pedir a iguaria (anualmente determinada por cada restaurante associado), o cliente recebia, além da experiência gastronômica, um prato decorativo único, desenhado especificamente para representar a receita consumida. Esses pratos tornavam-se itens colecionáveis, pois cada um era único e relacionado exclusivamente ao cardápio e ao restaurante específico.

A ideia por trás da associação e dos pratos da Boa Lembrança foi a de estimular o turismo gastronômico e valorizar a diversidade e a qualidade da culinária brasileira, incentivando os chefs a explorarem sua criatividade e a cultura local. “A cozinha do Sagarana na época era extremamente diferenciada, a gente usava muito frutas e frutos do mar, era uma novidade na época, muito forte, era uma tendência que a cozinha contemporânea no mundo inteiro estava tendo, e aqui no Nordeste havia o Sagarana e a Oficina do Sabor, em Recife”, relembra Aguiar.

Entre 2007 e 2009 o Sagarana voltou a abrir, no Cabo Branco, em antiga casa de veraneio do já falecido empresário Renato Ribeiro Coutinho, onde hoje é o Bar do Cuscuz. Depois disso, Walter foi ser superintendente do Sebrae e hoje compõe a diretoria da PB-Gás. Deixou saudades o Sagarana, assim como deixam saudades todas as boas lembranças culinárias em nossas vidas.

(Na foto, capturada no Sagarana, versão Tambaú, há um tempo postada no Facebook pela escritora Ana Adelaide, vê-se Lula, antes de ser presidente, com a própria Ana, a jornalista Zezé Béchade, e ainda o saudoso Júlio Rafael)

Fonte: Sergio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba