Carlos no teclado, Dedé no sax, Curió na viola e Beija Flor no vocal. Essa turma fazia parte de banda que por muitas noites pessoenses animou o Restaurante Gambrinus, no Baixo Tambaú. Tudo sob o comando do português Antônio Moita.
As figuras mais expressivas do segmento noctívago paraibano, poetas, jornalistas, intelectuais de várias matizes, assim como políticos e empresários, costumavam se reunir, durante a década de 80 e parte de 90, na altura do espaço hoje ocupado, entre outras iniciativas turísticas, pela Feirinha de Tambaú.
Lembrar do Gambrinus é reviver tertúlias homéricas da mídia paraibana, para falar especificamente da turma da qual fazia parte. Assemelhados ao Gambrinus certamente atraíram a mídia, em épocas diferentes, o La Veritá, na Souto Maior, o Drive In, da Epitácio Pessoa, o Cassino da Lagoa e, é claro, a indefectível e imorredoura Churrascaria Bambu. Mas nunca houve local onde tantos jornalistas, independente de gênero, se reunissem com tanta frequência, e tão assiduamente, quanto no Gambrinus.
Um dia, Moita decidiu que devia retornar à sua pátria, e adeus João Pessoa, para nunca mais outro Gambrinus. Ficamos a ver caravelas. Depois, a turma da imprensa se espalhou de um jeito que, sinceramente, até os dias de hoje ficou muito difícil reencontrar todos, de uma só vez, em um determinado lugar.
Dificuldade piorada em função do número de coleguinhas amontoados, hoje em dia, pelas redações de TVs, jornais, rádios, sem falar das dezenas de sites de notícias. É gente demais para andar junta! Mas, enquanto durou, ali nós tínhamos a possibilidade de conviver mais numerosamente.
Curioso de saber de onde Moita havia buscado inspiração para o nome Gambrinus, acabei encontrando pistas a respeito, na quase infalível Internet. É nome, por exemplo, de um restaurante-bar-cervejaria que funciona em Lisboa. De acordo com as informações obtidas no site do Gambrinus lisboeta, trata-se de uma antiga “tasca”, um restaurante simples, que data de 1937. Em 1964, passou por uma reforma que transformou o empreendimento no que ele é, no além-mar, nos dias de hoje.
Gambrinus é, ainda, nome de um rei de Flandres, na Bélgica, um intrépido tomador de cervejas, de tal maneira que se tornou o patrono não oficial da cerveja, emprestando o nome, enfim, a uma cerveja do tipo pilsen, de origem tcheca, considerada como das mais conhecidas do mundo.
Portanto, tanto em uma quanto em outra referência, duas inspirações de peso que poderiam muito bem ter inspirado o proprietário na hora de escolher o nome do seu empreendimento em nossa capital. Por sinal, que inspirou muita gente pelo Brasil afora, uma vez que há Gambrinus em tudo que é canto. Seja lá como for, foi muito bacana a versão pessoense. Inesquecível!
Fonte: Sergio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba