Opinião

PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS: O Forte do Varadouro - Por Sérgio Botelho

Ainda hoje, com muita fé e esperança, pesquisadores em geral buscam vestígios físicos do que foi a primeira construção, parte dela em pedra

Foto: reprodução
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Ainda hoje, com muita fé e esperança, pesquisadores em geral buscam vestígios físicos do que foi a primeira construção, parte dela em pedra, da história da cidade de João Pessoa: o Forte do Varadouro. Conta a história que, depois de quatro tentativas e da resistência indígena, a Capitania da Paraíba foi conquistada em 5 de agosto de 1585. Em 4 de novembro do mesmo ano, começou a edificação da atual cidade de João Pessoa, segundo registros, iniciada pelo fortim, que passava a hospedar os capitães-mores.

“Ainda em 1585, uma carta enviada pela Chancelaria do rei Filipe II de Espanha, ordenava que um novo forte fosse construído, o local sugerido era a foz do rio Paraíba, ponto estratégico para defender a região. Entretanto, o ouvidor Martim Leitão não considerou o local escolhido, chamado de Cabedelo, como localidade favorável.

Com isso, ele ordenou a construção do novo forte no interior do rio, distando 3 léguas espanholas (c. 18 km) da foz, num porto natural chamado de ‘porto da Canarea’, situado no rio Sanhauá, mais tarde renomeado de Varadouro”, diz Guilherme Gomes da Silveira d’Ávila Lins, médico e membro do IHGP, recentemente falecido, em “As Fortificações Antigas da Paraíba (Século XVI)”, citado por Leandro Vilar Oliveira e George Henrique de Vasconcelos Gomes, respectivamente, doutor e mestre da UFPB, em “Os Dois Fortes da Cidade de Filipeia da Capitania da Paraíba (1585-1639): Esclarecendo um Equívoco Recorrente”.

Nos relatos holandeses escritos após o domínio batavo sobre a Paraíba, entre 1635 e 1640, a existência do forte do Varadouro não aparece. Segundo se deduz, o Fortim do Varadouro deve ter sido demolido nos primeiros anos do Século XVII, após cinco capitães-mores terem se servido de suas acomodações como moradia.

A essas alturas, já em funcionamento, o Forte de Cabedelo representava melhores condições de defesa para a cidade. Em 2000, durante trabalho de restauração na Igreja de São Frei Pedro Gonçalves (foto), foram descobertas, abaixo, ruínas em pedra calcárea que, à primeira análise, podem se tratar mesmo do fortim tão procurado. O nosso verdadeiro marco zero.