A Praça da Independência, construída para comemorar o primeiro centenário da independência do Brasil e, por isso, inaugurada em 7 de setembro de 1922, continua sendo um emblema urbano de grande importância para a história da cidade de João Pessoa.
O imenso rossio, que reproduz no X de seu traçado a bandeira da Inglaterra, tida como exemplo das liberdades democráticas e do liberalismo à época, representou, dentro do progresso urbano da cidade, um marco fundamental no caminho para o litoral pessoense, marcando o início da Epitácio Pessoa.
Além do obelisco ao centro, que simboliza a data, poucos anos depois foi erguido um coreto destinado a abrigar autoridades em eventuais solenidades cívicas. É que, proclamada a República, o país passou a dar importância redobrada às manifestações de civismo, o que se reproduziu nas construções urbanas. Edificado com esmero, o coreto da Praça da Independência ainda hoje guarda seus traços originais.
Segundo descrição técnica do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba, trata-se de uma obra de tipo “eclética, onde o Art Nouveau se mistura com elementos clássicos para compor a construção, possuindo forma retangular, com hemiciclo abatido na porção sul. O monumento está elevado sobre pódio, podendo nele entrar por três elegantes escadarias guarnecidas de guarda corpos vazados.
O perímetro do Coreto é, do mesmo modo, limitado por guarda corpos, interrompidos apenas nos vãos de acesso, que são marcados por elegantes colunas Dóricas lisas”. O coreto compõe um quadro onde se sobressaem árvores representativas da própria flora paraibana, mas também importadas da Amazônia.
Quando de sua vinda à Paraíba, na primeira metade do Século XX, o renomado paisagista Burle Marx elaborou, entre outros projetos para a cidade (todos não devidamente contemplados, a exemplo do que fez para o Parque Solon de Lucena, conforme ele mesmo disse ao saudoso jornalista Wellington Farias, em reportagem publicada por A União), também um específico para a Praça da Independência, no qual recomendava a derrubada do coreto.
No entanto, ainda hoje a construção segue no local, à margem do prolongamento da avenida Monsenhor Walfredo (antiga estrada de Tambaú), sem qualquer vestígio de suas funções originais, a servir de espaço para atuação comercial de uma floricultura. No caso, a despeito de se configurar um desvio utilitário, ao menos serve para lhe botar sentido.
Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba