Opinião

PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS. O Cordão dos Puxa-Sacos - Por Sérgio Botelho

Na história do carnaval de João Pessoa existem inúmeros exemplos de blocos populares que encantaram. Eles vinham da Torre, do Roger, de Jaguaribe, de Cruz das Armas

PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS. O Cordão dos Puxa-Sacos - Por Sérgio Botelho

Na história do carnaval de João Pessoa existem inúmeros exemplos de blocos populares que encantaram. Eles vinham da Torre, do Roger, de Jaguaribe, de Cruz das Armas, de Mandacaru, do Cordão Encarnado e passavam os quatro dias da folia espalhando felicidade por todo canto.

Eram comandados, geralmente, por pessoas simples, de profissões pouco vistosas no glamour da vida pessoense. Contudo, no reinado de Momo, viravam celebridades momentâneas em virtude do que representavam como foliões.

Um desses blocos foi o Cordão dos Puxa-Sacos, com origem na Torrelândia, comandado por Delegado. “Chegou o Cordão dos Puxa-Sacos, dando viva a seus maiorais. Quem está na frente é passado para trás, e o Cordão dos Puxa-Sacos cada vez aumenta mais”, diziam os versos do inesquecível hino do bloco, uma composição que ficou famosa nacionalmente com os Anjos do Inferno.

Duas filas enormes de brincantes cantava o dito refrão. Ao “vai passando para trás”, os dois que iam na frente voltavam para a parte de trás, e o bloco ia evoluindo. Delegado era motorista de ônibus, exatamente na linha da Torre, e, para que o bloco saísse na rua, sem faltar o “combustível” necessário à tração dos brincantes, ele contava com a ajuda dos “estribados”.

No trajeto, para cima e para baixo, nas ruas do Centro e dos bairros, o Cordão dos Puxa-Sacos também abastecia a turma pelas casas de amigos e de figurões da cidade que amavam, sobretudo, a folia. Estou falando de um carnaval extremamente popular, que se fazia pela gente mesmo do povo, de forma espontânea, numa João Pessoa também mais alegre, porque menos ansiosa que nos dias de hoje.

Assim como muitas das manifestações populares, o Cordão fazia uma crítica velada aos ‘babões”, como se dizia na gíria popular, que costumavam puxar o saco dos chefes para subir na vida.

Uma crítica de caráter permanente! Para quem viu e viveu esses carnavais memoráveis da João Pessoa, de tempos atrás, difícil não lamentar aquele clima ameno que marcava a vida pessoense, mesmo afastando qualquer tipo de sentimento saudosista exagerado.

Lagoa, uma das passarelas amadas pelos foliões de outrora, em João Pessoa.

Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba

Sérgio Botelho

Sergio Mario Botelho de Araujo Paraibano, nascido em João Pessoa em 20 de fevereiro de 1950, residindo em Brasília. Já trabalhou nos jornais O Norte, A União e Correio da Paraíba, rádios CBN-João Pessoa, FM O Norte e Tabajara, e TV Correio da Paraíba. Foi assessor de Comunicação na Câmara dos Deputados e Senado Federal.