Opinião

PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS: O Clube do Estudante Universitário (CEU), em João Pessoa - Por Sergio Botelho

Vivíamos o ano de 1968. A rebeldia dominava o espírito da juventude internacional. Os jornais, rádios e a ainda jovem TV registravam movimentos estudantis em todas as partes do mundo. Naquele ano, Paris quase protagonizou, a partir do movimento estudantil local, a queda de um governo nacional, no caso do general De Gaulle, herói da Segunda Guerra Mundial. Os jovens diziam ‘não’ a um mundo cujos valores estavam em desacordo com o que imaginavam. Do Oriente ao Ocidente.

Foto: Sergio Botelho

Vivíamos o ano de 1968. A rebeldia dominava o espírito da juventude internacional. Os jornais, rádios e a ainda jovem TV registravam movimentos estudantis em todas as partes do mundo. Naquele ano, Paris quase protagonizou, a partir do movimento estudantil local, a queda de um governo nacional, no caso do general De Gaulle, herói da Segunda Guerra Mundial. Os jovens diziam ‘não’ a um mundo cujos valores estavam em desacordo com o que imaginavam. Do Oriente ao Ocidente.

O globo inteiro assistia a uma transmutação de costumes indelevelmente marcante na história. No Brasil, a juventude mergulhou de corpo, alma e muita coragem nessa fantástica onda mundial. Não era diferente em João Pessoa. Provinciana e cosmopolita, ao mesmo tempo, a capital paraibana vivia plenamente aquele espírito questionador internacional. Nas ruas, os estudantes protestavam contra tudo o que consideravam necessário ser transformado. Principalmente com relação à ditadura vigente.

Um autoritarismo que, infelizmente, ainda viveria seu período mais perverso, a partir de dezembro daquele ano. Um dos locais da resistência estudantil era o Clube do Estudante Universitário, o CEU, na Lagoa do Parque Solon de Lucena. Na verdade, tratava-se de um prédio, o famoso Cassino da Lagoa, sob a gestão da Universidade da Paraíba, a partir de 1955, e da Universidade Federal da Paraíba, de 1960 em diante, onde funcionava o restaurante universitário da instituição.

Lembrando que até 1968 grande parte das faculdades ainda funcionavam no Centro da cidade (Medicina, em Jaguaribe). O campus universitário apenas começava a receber os primeiros cursos. O movimento estudantil elegeu o CEU, naturalmente, como sede do seu comando central. Dessa forma, lugar permanentemente tomado por um maravilhoso tumulto que apenas cheirava a mudança e rebeldia.

Recortei de início o ano de 1968 por conta de um grave fato que ocorreu naquele ano. Lembro de uma greve bastante participativa quando a polícia militar se postou acantonada no anel interno da Lagoa. De frente para o restaurante universitário. Mas, não entrava no CEU. Por alguns dias, foi assim. Em determinado momento, no entanto, a invasão, prisões e correria.

Um espaço da Universidade acabara de ser ocupado policialmente. Uma heresia aos princípios democráticos. Ficou por isso mesmo. Durante o tempo em que serviu à universidade, o CEU atendeu a encontros de organização e de realizações culturais. Em suas mesas de refeição forjaram-se projetos que movimentaram a irrequieta João Pessoa das décadas de 1950 e 1960.

Boa parte desse tempo, em meio ao crescimento nacional do Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes, o famoso CPC da UNE, criado bem no início da década de 1960.

Nesta série de crônicas que resolvi desenvolver para rememorar coisas, fatos, histórias, figuras, lugares e movimentos da história pessoense aproveito, portanto, para registrar a existência nas décadas de 1950 e 1960 desse bastião da liberdade e da luta contra o autoritarismo que foi o Clube do Estudante Universitário, o famoso CEU.

(A foto é da minha lavra, mesmo, e retrata o Cassino da Lagoa, antigo Clube do Estudante Universitário, hoje)

Fonte: Sergio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba