Histórias da maçonaria

PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS. O Areópago de Itambé - Por Sérgio Botelho

PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS. O Areópago de Itambé - Por Sérgio Botelho

As histórias da maçonaria e do pensamento libertário no Brasil estão para sempre ligadas a um ilustre paraibano da cidade de Pombal, o médico, naturalista e pensador Manuel Arruda Câmara, o mesmo que dá nome a um famoso parque urbano da cidade de João Pessoa. Foi ele o principal responsável, junto com outros conterrâneos e, também, pernambucanos, pela criação do Areópago de Itambé, em 1796, a primeira loja maçônica fundada no Brasil. Situada no então Distrito de Itambé-PE, colado à então Vila de Pedras de Fogo-PB, a loja reunia figuras influentes da região que compartilhavam ideais iluministas e republicanos inspirados na Revolução Francesa.

O nome Areópago remonta à Grécia antiga, local onde se reunia um conselho de anciãos encarregado das grandes decisões de justiça e política. Ao adotar o nome, a loja se apresentava como um fórum de ideias comprometido com a razão, a ética e a transformação social. A relação entre a maçonaria e a Revolução Francesa é central para entender o papel do Areópago. Na França, muitos líderes revolucionários eram maçons ou frequentavam círculos maçônicos. A inspiração encontrou eco no Nordeste brasileiro, especialmente entre homens instruídos como Arruda Câmara, que estudou na Europa e absorveu diretamente os ventos de mudança. O Areópago teve vida curta — foi fechado em 1802 pelas autoridades coloniais — mas seu legado permaneceu.

As ideias ali discutidas influenciaram movimentos como a Conspiração dos Suassunas, na mesma época, que pretendia estabelecer uma república independente no Nordeste. Hoje, a memória do Areópago de Itambé é preservada por maçons e estudiosos que reconhecem ali um dos marcos iniciais do pensamento político moderno no Brasil. Trata-se de um capítulo pouco conhecido, mas importante, em que Paraíba e Pernambuco se uniram por um país mais livre e igualitário.

A foto é de uma placa, em Itambé, homenageando o Areópago, onde se lê: “Aqui, segundo a tradição, existiu o Areópago de Itambé, onde, nos fins do Século XVIII Manuel Arruda Câmara lançou a semente da democracia (Memória do Instituto Arqueológico, em 1951)”