Já li em pelo menos uma fonte que na Praça Dom Adauto havia uma estátua de… Dom Adauto. O homenageado com o nome do referido logradouro – que já se chamou alternadamente Largo do Carmo e Praça Conselheiro Henriques – alcançou a glória histórica em função de ter sido o primeiro bispo e, também, o primeiro arcebispo da Paraíba, entre os anos de 1894 e 1935.
Junto com o tratamento hierárquico católico com que devia ser tratado e o seu nome de batismo completo estamos falando de Dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques. Mas não é dele a estátua existente na praça com o nome do próprio. O monumento de certo relevo assentado no local é dedicado à figura do areense Álvaro Lopes Machado, indicado pelo então presidente da República Floriano Peixoto, e eleito indiretamente presidente da Paraíba em 1892, para um mandato até 1896, e novamente alçado à presidência do estado em 1904, para mandato até 1908.
Contudo, em ambas as ocasiões renunciou, para ser eleito senador da República. Talvez por isso a inscrição mais visível do monumento em sua homenagem diz em letras grandes que a estátua é dedicada “Ao inolvidável senador Álvaro Lopes Machado, grande benemérito do Estado da Paraíba”. Ao mesmo tempo que essas promoções políticas o beneficiavam, seguiu carreira militar na qual reformou-se no posto de general. Seu irmão, João Lopes Machado, também governou a Paraíba no interregno entre 1908 e 1912, período no qual abriu a emblemática avenida, que herdou o seu nome, no limite entre o centro da cidade e o futuro bairro de Jaguaribe.
No seu primeiro governo, Álvaro tomou uma porção de medidas que marcaram a história na época. Segundo documento da Fundação Getúlio Vargas (FGV), fundou o Partido Republicano da Paraíba, revogou a Constituição promulgada no governo de Venâncio Neiva, reorganizou a Assembleia Legislativa e aprovou uma nova Carta Magna. Junto com o Monsenhor Walfredo Leal, outro areense, botou sentido na política da Paraíba por um bom tempo.
Tanto que no monumento a que estamos nos referindo tem, logo abaixo da inscrição principal, a informação de que “dirigiu a política do estado durante 20 anos”. Acontece que, no Varadouro, em uma lateral oeste da Avenida Sanhauá, existe uma praça, com o ilustre nome do ex-presidente do estado, onde o grande monumento histórico de realce é a Estação Elevatória de Esgoto da capital.
No mais, tem um posto de gasolina, ruínas, algumas oficinas e uma ladeira, que, em breve trajeto, esbarra na Gama e Melo, após cruzar a Maciel Pinheiro, com um nome da maior importância para a cidade de João Pessoa: Rua 5 de Agosto. Não fossem a gloriosa Banda 5 de Agosto e a Loja Maçônica 5 de Agosto, seria a única homenagem, em João Pessoa, à data em que a cidade nasceu para si própria e para o mundo. Mais uma curiosidade.
Fonte: Sergio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba