Opinião

PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS: Na Duque de Caxias, uma residência do século XVIII - Por Sérgio Botelho

Em placa afixada na parede da frente da casa é possível ler: “datada de 1790, trata-se de uma edificação residencial em estilo colonial das mais antigas da cidade ainda preservada. Restaurado em 2006, resgatou as características originais de suas fachadas – cercaduras, cunhais e sacada corrida sob ‘cachorros’ – valorizando as seculares cantarias de pedra calcária.

Foto: Internet

Em placa afixada na parede da frente da casa é possível ler: “datada de 1790, trata-se de uma edificação residencial em estilo colonial das mais antigas da cidade ainda preservada. Restaurado em 2006, resgatou as características originais de suas fachadas – cercaduras, cunhais e sacada corrida sob ‘cachorros’ – valorizando as seculares cantarias de pedra calcária.

Foi residência de Antônio José Henriques, Conselheiro do Imperador Dom Pedro II, nome pelo qual a edificação ficou conhecida”. Portanto, trata-se de um prédio do Século XVIII. Segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico da Paraíba (IPHAEP), a data inscrita no frontispício até estaria errada. Na verdade, conforme assegura o instituto, o prédio seria de 1709, o que lhe confere ainda mais história. O imóvel fica na Rua Duque de Caxias, 81, na esquina com a rua Conselheiro Henriques, justamente o nome pelo qual ficou historicamente batizada a casa, que teria sido o primeiro sobrado construído na então Rua Direita.

É valiosa a informação sobre a pedra calcária trabalhada pelos artistas da cantaria, utilizada no imóvel em foco. A arte consiste em talhar as pedras em formas geométricas ou figurativas para emprego estrutural ou ornamental em construções. Em João Pessoa, com um entorno riquíssimo em pedra calcária, era esse o material usado em imóveis mais caprichados e que findaram mais duradouros. Quanto ao dono do prédio, ele foi lembrado, antes de emprestar seu nome à rua lateral, para denominar o Largo do Carmo, hoje Praça Dom Adauto ou popularmente Praça do Bispo.

Na verdade, chamava-se Antônio José Henriques, viveu entre 1805 e 1895, e chegou a ser conselheiro do Imperador Dom Pedro II. Conveniente registrar que não era decorativo o cargo de Conselheiro do Imperador. Na verdade, teve muita importância durante o reinado de Pedro II. Depois de extinto nos idos de 1823 por Dom Pedro I, o Conselho de Estado foi reativado em 1841, após a declaração de maioridade do filho do ex-imperador (àquela altura, já falecido em Portugal), com 72 membros vitalícios e efetivamente consultados pelo monarca ou por seus ministros em tomadas de decisão muitas vezes cruciais ao Estado.

Reunia políticos de diversas tendências à época. Lembrando que o Conselheiro Henriques foi ainda presidente da Província da Paraíba, por duas vezes, e da Província de São Paulo, uma vez. Além disso, foi deputado provincial e à Assembleia Geral. Sem dúvida, uma figura política influente no reinado de Pedro II. De acordo, ainda, com o Instituto Histórico e Artístico da Paraíba, o sobrado já abrigou a primeira escola provincial, a reitoria da Universidade Federal da Paraíba, a Escola de Música Antenor Navarro, o Instituo do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba, e o Conselho Estadual de Cultura.

Por tudo isso, é grande a importância daquela casa no final do primeiro quarteirão, no lado leste da Duque de Caxias. Em bom estado, devido a diversas intervenções autorizadas, ele deve continuar merecendo todos os cuidados do poder público e a atenção do pessoenses.

Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba