Andar pela rua da Areia é inevitavelmente um passeio emocionante. Afinal, trata-se de uma das vias públicas da capital paraibana abertas nos primeiros instantes da cidade, quando o aglomerado humano e físico foi subindo a partir do Varadouro. Nessa condição, foi palco de muitas histórias.
Houve um lapso de tempo em que foi chamada de Barão da Passagem em louvor a um militar brasileiro da Guerra do Paraguai. Mas não pegou. Ficou Rua da Areia, mesmo, até hoje, por conta justamente da quantidade de areia que escorria pela rua e se juntava na sua parte final, em seus primórdios.
Por tudo o que representa, será um capítulo especial desta série Parahyba e suas Histórias. Nesta quarta-feira, 19, fiz uma breve incursão àquela artéria com objetivo determinado, qual seja o de visitar dois prédios históricos em meio a inúmeros outros também a reivindicar antiguidade. Sobre um dos dois visitados escrevo hoje, justamente o que se encontra mais bem cuidado, porque funcional.
É o da foto que ilustra a matéria. Nele atualmente operam serviços próprios mais de uma loja maçônica, embora seja reconhecido como sede da Loja Grande Oriente da Paraíba. O resultado da utilização é que o prédio está bem apresentável, como se diz. Encontrei, inclusive, um atencioso cidadão que bota sentido na vetusta obra. Tomo conhecimento que, embora sem uma data exata para sua origem, no final do Século XIX a edificação já existia.
A informação é do Memória João Pessoa, do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Paraíba, esclarecendo que a sua existência foi registrada pelo fotógrafo-historiador Walfredo Rodrigues como sendo, no final do XIX, a representação da França, cujo cônsul era à época Aron Cahn, alto negociante no comércio de exportação local.
Nos anos 1900, o prédio, que até ganhou mais um andar, ficando em três, e platibanda (opção arquitetônica que cobre o telhado), serviu como pensionato, Secretaria de Segurança Pública e Instituto Médico Legal.
Segundo descrição técnica no Memória João Pessoa, o prédio tem estilo “neoclássico como a verga em arco pleno na porta principal e na do segundo pavimento, e as janelas superiores com a bandeira de vidro”, e está tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico da Paraíba (Iphaep) por meio do Decreto nº. 8.628, de 26 de agosto de 1980. Quando cruzarem por sua calçada, não deixem de lhe conceder atenção, pois tem história.
Fonte: Sergio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba