Como citei no texto anterior sobre os dilemas potiguaras frente aos europeus, no Brasil, o índio Jaguarari (para os portugueses, Simão Soares) foi um dos mais dramáticos exemplos dessa situação.
Líder dos potiguaras, em Baía da Traição, ele sempre esteve ao lado dos portugueses. Nessa condição, participou destacadamente da guerra lusitana contra os franceses e seus aliados indígenas, no Maranhão, virando um dos heróis da jornada.
Contudo, em 1625 (aproveitando para consertar a data do texto anterior, que informava 1621), nas primeiras investidas holandesas em território brasileiro, Jaguarari ensaiou colaboração com os neerlandeses, segundo ele, para salvar sua família.
Na retomada portuguesa, acompanhada por terrível massacre perpetrado pelos lusitanos contra os indígenas locais, Jaguarari foi preso e trancafiado no Forte dos Reis Magos, no Rio Grande do Norte. Sob as piores condições, relatadas por ele mesmo aos de sua tribo, passou 8 anos a ferros, entre 1625 e 1633.
Foi quando, já com os holandeses de volta, e chegando ao Rio Grande, Jaguarari foi libertado, sob a condição de permanecer ao lado dos portugueses contra os holandeses. A preocupação dos ibéricos tinha razão de ser, uma vez que importantes líderes da nação Potiguara estavam de armas em punho em aliança com os batavos.
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Um deles, o índio Pedro Poty, sobrinho ou mesmo filho de Jaguarari, letrado e convertido ao calvinismo. Já os primos de Poty, Diogo e Felipe Camarão lutavam a favor dos portugueses.
No relato que fez aos de sua tribo, Jaguarari conta o que sofreu dos portugueses, mas anuncia fidelidade aos algozes e ameaça seus companheiros, a eles prometendo virar ‘verdugo’ caso ficassem do lado holandês.
O fato é que as lideranças potiguaras permaneceram divididas entre os dois lados, durante o período de dominação holandesa no Nordeste, entre 1630 e 1654 (na Paraíba, a partir de 1634).
Na imagem, arte representando Jaguarari, reproduzida pelo site Cartas Indígenas ao Brasil.
Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba
