Em maio de 1914, se encontrava na cidade da Parahyba (atual João Pessoa), o barítono e artista gráfico paraense, Corbiniano Vilaça (1867-1967). Ex-estudante de pintura, em Paris, era amigo de artistas franceses, entre os quais, escultores mundialmente reconhecidos. Presidia o estado, na época, o mamanguapense João Pereira de Castro Pinto, que governou a Paraíba entre os anos de 1912 e 1915, cidadão bastante sensível ao mundo das artes e da cultura.
Aproveitando a passagem de Corbiniano, o líder paraibano encomendou-lhe duas hermas, uma de Maciel Pinheiro (1839-1889) e outra de Aristides Lobo (1838-1896), paraibanos que haviam se destacado nacionalmente na defesa do republicanismo. As referidas esculturas, tipo um retrato 3 X 4, a serem colocadas em pedestais no Passeio Público (atual Praça João Pessoa), perpetuariam a memória dos dois conterrâneos.
Eram as primeiras homenagens públicas, a figuras da nossa história, que, por sua natureza material, tinham a vocação de desafiar o tempo. “As praças e ruas são como as nossas salas: o visitante, sem ainda nos ver, conhece-nos, pelo arranjo dos nossos moveis, preferencia litteraria ou artistica dos autores, pelo cuidado e carinho com que conservamos a physionomia das pessoas tutelares da nossa casa, pelas nossas predilecções estheticas, tudo creando o ambiente moral, dentro no qual nascemos e vivemos”, comentava, assertivamente, no português da época, matéria de A União de 29 de abril de 1914.
O texto, corretamente, fala sobre como as escolhas estéticas e históricas no espaço público não apenas refletem, mas também moldam a identidade e o espírito de um povo. O pioneirismo de Castro Pinto nos inspira a seguir defendendo, não apenas a perpetuidade de figuras e fatos de nossa história, de heróis políticos a populares, sem ideologias ou preconceitos, em praças e museus, porém, logicamente, com a devida identificação, não apenas para a informação do visitante, mas, também, dos próprios pessoenses e daqueles que têm escolhido a capital paraibana para viverem.