Opinião

PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS: Havia as marinetes! - Por Sérgio Botelho

Velhos tempos os das marinetes! Desapareceram mais ou menos junto com os bondes. Tinha a linha Róger-Tambiá, com o percurso iniciando no Ponto de Cem Réis, em frente ao prédio de As Nações Unidas.

Foto: Internet

Velhos tempos os das marinetes! Desapareceram mais ou menos junto com os bondes. Tinha a linha Róger-Tambiá, com o percurso iniciando no Ponto de Cem Réis, em frente ao prédio de As Nações Unidas.

Havia ainda as que se destinavam ao bairro da Torre, partindo da rua Treze de Maio, ao lado da Igreja das Mercês, para Oitizeiro-Cruz das Armas, a partir da Praça Venâncio Neiva, além de Jaguaribe e Tambaú, que faziam ponto no Parque Solon de Lucena.

As marinetes, que precederam as kombis e, mais adiante, as vans, tinham suas cabines de madeira, cabendo entre 10 e 12 pessoas, montadas em chassis de caminhonetes. Eram tempos de trânsito mais vagaroso, de população menos numerosa, de pouco receio sobre colapso urbano, como os dias atuais, e de meios de transporte que não têm mais sentido de ser, que não voltam mais.

Difícil explicar esses veículos para alguém dos dias de hoje, que manobram carros computadorizados. Mas vamos lá. Naquele tempo, uma parte dos automóveis em circulação não pegava na chave e, sim, por meio de uma manivela que era encaixada através de uma fenda bem na frente do carro e fazia girar o motor. Pois muitas das marinetes tinham essa particularidade.

Não raramente, dava um trabalho danado para o veículo pegar. Precisava condicionar a ignição, ajustar a manivela, fazer força e soltá-la (porque havia o perigo de ela voltar de forma abrupta). Às vezes eram necessárias muitas tentativas para o carro pegar. Pior: o carro pegava, o motorista empunhava a direção, metia a mão na marcha, então o motor apagava.

Desafiador, é que elas não se limitavam às linhas interurbanas. Algumas se aventuravam em trechos interestaduais mais longos, como Rio de Janeiro e São Paulo, levando nordestinos em busca de futuro. Serviram, também, como os primeiros meios de transporte turístico no que se chamava de “excursão”. Mas, como tudo era muito devagar, a demora não tinha a mesma importância dos dias de hoje, quando falta tempo para tudo. Tudo tem de ser veloz.

Não há mais chance para marinetes nem bondes. Mas, como diz o poeta, “recordar é viver”. E como ainda não perdi a memória me encontro decidido a continuar remexendo o passado e suas maravilhas, como é o caso das marinetes. Que eram charmosas, bacanas até.

(A foto, de uma marinete que fazia a linha Marés, atendendo Cruz das Armas e Oitizeiro, foi postada por Gilberto Lyra Stuckert Fiho, no grupo História da Paraíba em Fotografia e Arte, no Facebok)

Fonte: Sergio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba