A partir do instante em que os portugueses expuseram ao mundo a existência das terras brasileiras, a vida dos potiguaras foi, pouco a pouco, se transformando num inferno.
Primeiro, resistiram enquanto puderam ao domínio ibérico sobre as terras paraibanas, com alguma ajuda dos franceses, que adoravam o pau-brasil. Eles começaram a aprender que, diante do poder de fogo europeu, tinham de sair escolhendo um ou outro, aqui e acolá, a fim de se safarem, eles próprios e suas terras.
Foram derrotados, e os aliados franceses expulsos, na fundação da Paraíba, em 1585, quando terminaram aldeados, em sua ampla maioria, na Baía da Traição. Viram-se novamente diante de novo dilema, quando da primeira invasão holandesa, loucos pelo açúcar, à Capitania da Parahyba, em 1621.
Na ocasião, os batavos se instalaram no território potiguara por mais de um mês, oportunidade em que boa parte dos nativos se afeiçoou aos holandeses, para, posteriormente, os índios sofrerem horrores quando da retomada portuguesa.
Há registros de que, na época, houve um massacre perpetrado pelos lisboetas contra os potiguaras como castigo à colaboração com as forças da Companhia das Índias Ocidentais, que, na década de 1630, conseguiria finalmente se apoderar de parte do Nordeste, até o ano de 1654. Uma das maiores vítimas da vindita portuguesa foi o índio Jaguarari, considerado, em atuação ao lado dos portugueses, um dos heróis da conquista do Maranhão.
Essa histórica colaboração não foi bastante para que o poder lusitano perdoasse o líder indígena, então, colocado a ferros, anos a fio, na Fortaleza dos Três Reis Magos, no Rio Grande do Norte. Com a nova investida holandesa, e com os portugueses necessitando de aliados, Jaguarari foi libertado, permanecendo fiel a Portugal até o fim da vida, na década de 1650.
O que não impediu que outros líderes potiguaras se aliassem aos holandeses, no correr do tempo. Pesava contra os portugueses uma perversa história de assaltos às terras indígenas, matança e escravização. Holandeses e franceses adotavam outras estratégias.
Baía da Traição, cenário de muita história dos tempos coloniais.