Opinião

PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS: De Largo do Carmo a Praça Dom Adauto (ou do Bispo) - Por Sérgio Botelho

Quando alguém se debruça sobre a origem das mais antigas praças em cidades brasileiras, logo o curioso vai esbarrar em um largo ou num campo, mais comumente representado por um espaço aberto em frente das igrejas que iam sendo construídas pelas ordens religiosas católicas.

Foto: Internet

Quando alguém se debruça sobre a origem das mais antigas praças em cidades brasileiras, logo o curioso vai esbarrar em um largo ou num campo, mais comumente representado por um espaço aberto em frente das igrejas que iam sendo construídas pelas ordens religiosas católicas.

É o caso do Largo do Carmo, a partir do conjunto da Ordem Carmelita, que junto com o da Ordem Franciscana, o Mosteiro de São Bento (dos beneditinos) e o Conjunto dos Jesuítas, acabaram formando uma cruz a simbolizar os primeiros limites da cidade alta da Filipeia de Nossa Senhora das Neves. Na ponta de cima da cruz, a Igreja de Santo Antônio, dos franciscanos, marcando o início da rua Direita (Duque de Caxias); de um lado e outro dos braços, o Mosteiro de São Bento, a oeste, e a Igreja de Nossa Senhora do Rosário (depois, de Nossa Senhora do Carmo), a leste; e lá embaixo, no final da Duque de Caxias, o pé da cruz, o conjunto jesuítico (em frente à atual Praça João Pessoa).

Projetada e construída pelo arquiteto Hermenegildo di Láscio, no governo Sólon de Lucena (1916-1920), tomou em primeira decisão o nome de Praça Conselheiro Henriques, figura histórica que residia em imóvel, ainda de pé, ali próximo, na esquina do Beco do Carmo (atual Conselheiro Henriques) com a Rua Direita. Mas terminou batizada com o nome de Praça Dom Adauto, justamente o arcebispo da época (por isso, mais popularmente chamada de Praça do Bispo).

Também porque na época de construção da praça já havia – isso, desde a primeira década do Século XX – o prédio do Palácio do Bispo, substituindo o convento carmelitano. O que restou do conjunto carmelita (cujas principais expressões são a Igreja de Nossa Senhora do Carmo e a Igreja de Santa Teresa de Jesus da Ordem Terceira do Carmo) continua emoldurando a praça. Lá, por muito tempo, o piedoso Padre José Coutinho, parte indelével da história pessoense, manteve ambiente de caridade e acolhimento.

Importante registrar, ainda, no alinhamento da Visconde de Pelotas, do lado posterior do conjunto carmelita, a presença de dois prédios de valor histórico: o Casarão dos Azulejos e o que sediou, entre final e início do século passado, o jornal católico A Imprensa. A Praça Dom Adauto é cenário, antecedendo a Semana Santa, da saída, em procissão, da imagem de Nossa Senhora para encontro na Praça João Pessoa com a do Senhor dos Passos, que sai, em outra procissão, da Igreja da Misericórdia.

O local chegou a comportar brinquedos da tradicionalíssima Festa das Neves, em seus anos mais memoráveis. Trilha natural para quem caminha entre o Bairro do Róger e o centro, e com intenso movimento de carros o tempo inteiro, nos leitos laterais das ruas, a Praça Dom Adauto ou do Bispo continua sendo ponto urbano de destaque na capital paraibana.

Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba