
Paraíba -
O escritor e crítico de cinema e literatura, João Batista de Brito, ainda lembra com saudade, e reconhecimento histórico, de importante centelha do movimento cineclubista, em João Pessoa, gerado a partir do Círculo Operário de Jaguaribe. Uma das inciativas relevantes da instituição, o Cine São José, chegou a oferecer boa programação de filmes, ao gosto dos amantes do cinema de arte. O histórico movimento Jaguaribe Carne, que teve a participação, além dos líderes Pedro Osmar e Paulo Ró, de Jarbas Mariz, Escurinho, Chico César e Totonho, teve, entre suas referências de providencial abrigo, o Círculo Operário de Jaguaribe e o Cine São José. Contudo, a concepção original dos Círculos Operários não obedece a critérios tão abetos no trato com o movimento cultural e popular. A história dos Círculos Operários no mundo tem origem em 1891, na encíclica Rerum Novarium, ou seja, Das Coisas Novas, no papado de Leão XIII. A preocupação central era com a perda de influência da Igreja sobre os movimentos operários, em meio ao desenvolvimento da sociedade industrial e, em contrapartida, aos crescentes movimentos em torno do socialismo e do anarquismo. A criação de Círculos Operários pelo Brasil se deu fortemente durante toda a primeira metade do Século XX. Na segunda metade da década de 1930, foi criada a Confederação Brasileira dos Círculos Operários, que passou a coordenar as atividades desses grupos em nível nacional. Essas organizações exerceram grande influência nas políticas trabalhistas do Estado Novo (1937-1945), de Getúlio Vargas, alinhando-se à proposta do corporativismo trabalhista e da valorização do trabalhador dentro de um modelo que evitava o confronto de classes. Na Paraíba, também chegou nessa época, como serve de exemplo justamente o Círculo Operário de Jaguaribe, criado em 1 de maio de 1938, Dia do Trabalhador. O autoritarismo implantando no país, a partir de 1964, fez com que os círculos operários brasileiros — já em declínio naquela década— se abrissem mais do ponto de vista cultural e político.
Na foto, à direita, o velho prédio do Círculo Operário de Jaguaribe

Sergio Mario Botelho de Araujo Paraibano, nascido em João Pessoa em 20 de fevereiro de 1950, residindo em Brasília. Já trabalhou nos jornais O Norte, A União e Correio da Paraíba, rádios CBN-João Pessoa, FM O Norte e Tabajara, e TV Correio da Paraíba. Foi assessor de Comunicação na Câmara dos Deputados e Senado Federal.