
Era um sábado de Carnaval, o dia 22 de fevereiro de 1936, quando foram inauguradas as novas instalações do clube Astrea, no Palacete de Tambiá, na Avenida Monsenhor Walfredo.
O clube empreendia uma mudança de endereço histórica, até então funcionado na Duque de Caxias, por décadas. (Sempre bom lembrar que o Astrea foi fundado ainda no Império, em 1886, portanto, três anos antes da Proclamação da República, a favor da qual sediou algumas reuniões).
Um dia antes daquele 22 de fevereiro, o então interventor do estado, Argemiro de Figueiredo, fez uma visita oficial ao clube, sendo recebido por toda a diretoria, sob a presidência de Oswaldo Pessoa Cavalcanti de Albuquerque (que haveria de ser prefeito de capital, por alguns meses, anos depois), irmão do então finado ex-presidente João Pessoa.
Segundo descreveu A União, na época, a nova sede do clube era “imponente, possuindo além dos seus elegantes e amplos salões de dança e recepções, uma praça para esportes leves como sejam tennis, volley-ball, etc.,”.
Afora o parque aquático e o ginásio, construídos depois, é basicamente, com naturais intervenções ao longo do tempo, o que se encontra atualmente no referido espaço, no que pese o declínio físico visível, a necessitar de cuidados.
Ao baile carnavalesco do Sábado Gordo, que marcou a inauguração da nova sede do Astrea, somente era permitida a entrada de pessoas vestidas com smoking ou branco rigor, sendo vetado qualquer tipo de fantasia, o que significa que as mulheres também deveriam estar trajando vestidos de gala.
O curioso é que dois dias antes de todo esse rigor, milhares de pessoas se deslocaram de Jaguaribe, mais precisamente da Praça General João Neiva, aquela da entrada do atual Centro Administrativo, até o Cruzeiro do hoje Centro Cultural São Francisco (verdadeira maratona), ao som do frevo, numa fantástica mixórdia popular, inaugurando o “passo” no carnaval de rua de João Pessoa.
Mas essa é outra história.
Fotos publicadas por A União de 21 de fevereiro de 1936, mostrando a caravana do governo estadual na nova sede do Astrea, assinadas pelos memoráveis fotógrafos Stuckert e Ariel.
Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba

Sergio Mario Botelho de Araujo Paraibano, nascido em João Pessoa em 20 de fevereiro de 1950, residindo em Brasília. Já trabalhou nos jornais O Norte, A União e Correio da Paraíba, rádios CBN-João Pessoa, FM O Norte e Tabajara, e TV Correio da Paraíba. Foi assessor de Comunicação na Câmara dos Deputados e Senado Federal.