A história de Branca Dias e Padre Bernardo é uma tragédia de paixão, fé e intolerância ambientada na Paraíba do século XVIII, transformada em peça de teatro pelo escritor e teatrólogo Dia Gomes, sob o título “O Santo Inquérito”.
Segundo o ex-deputado e historiador José Joffily, Branca Dias nascera na Paraíba em 1734 e morrido em Lisboa, na fogueira, em 1761. Teria sido uma jovem cristã-nova (descendente de judeus convertidos ao cristianismo), noiva, conhecida por sua beleza e bondade. Um dia, enquanto se banhava no rio Paraíba (segundo a ambientação da peça), teria visto um homem se afogando e, sem hesitar, mergulhou nas águas para salvá-lo.
Esse homem era Padre Bernardo, um jesuíta. Padre Bernardo ficou obcecado por Branca Dias, interpretando sua compaixão e beleza como sinais de uma paixão recíproca. Cego pela paixão e pelo ciúme, Padre Bernardo passou a perseguir Branca Dias, usando sua posição de poder e influência para assediá-la e manipulá-la.
Ele a pressionava a abandonar o noivo e se entregar a ele, alegando que ela seria uma pecadora e que somente ele poderia salvá-la. Ao mesmo tempo, a Inquisição chegava à Paraíba, buscando por hereges e cristãos-novos que praticavam secretamente o judaísmo. Padre Bernardo, em sua busca por vingança e controle sobre Branca Dias, denunciou-a ao Santo Ofício, acusando-a de judaísmo e heresia.
Branca Dias foi presa e submetida a um julgamento cruel e injusto. Apesar de negar as acusações e professar sua fé cristã, ela foi condenada à morte na fogueira. Antes de ser queimada viva, Branca Dias enfrentou o destino com coragem e dignidade.
A história de Branca Dias é um conto trágico que revela a face obscura da intolerância. É uma história que nos lembra dos perigos do poder descontrolado e da paixão obsessiva. A principal loja maçônica de João Pessoa, na avenida General Osório, homenageia, em sua denominação, a mártir assassinada pela Santa Inquisição. No Cordão Encarnado, ainda na capital paraibana, há uma rua com o nome de Branca Dias.