Não parece crível a muitas pessoas quando a gente fala de um certo Bar da Xoxota que existiu em João Pessoa no finalzinho dos anos de 1970 e início dos de 1980. Mas ele existiu, sim, ficava na rua Osório Paes Andrade, no mesmo espaço físico onde há muitos anos se encontra funcionando o Apetito Trattoria Vino Musicale (por sinal, um bom exemplo de empreendimento resistente ao tempo).
O espaço, no chamado Baixo Tambaú, no sentido de sua geografia urbana, também já sediou o Última Sessão, sob o comando da consultora de Turismo Ana Gondim. Na época, o Bar da Xoxota era muito frequentado pelo público universitário (professores e estudantes) e intelectuais de todas as tribos, e costumava lotar ao ponto de às sextas e aos sábados as pessoas serem atendidas de pé, do lado de fora da parte coberta.
Era comum acontecerem shows alternativos no Bar da Xoxota, num circuito etílico que incluía, naqueles tempos, também o Travessia, do saudoso poeta Lúcio Lins, e o Gambrinus. Bem perto também havia o Bar do Meu Cacete, outro icônico espaço de bebidas e comidas de João Pessoa. E na beira-mar de Tambaú, o famoso Bar do Pau Mole, a reunir velhos amigos.
O Bar da Xoxota, como parte do roteiro lúdico da capital paraibana serviu, vez por outra, como ponto eventual a muitos cronistas que escreveram e escrevem sobre a cidade de João Pessoa, a exemplo dos saudosos Walter Galvão, Wellington Pereira e Martinho Moreira Franco, e dos ainda muito vivos e produzindo cultura e informação, Hildeberto Barbosa Filho, Kubitschek Pinheiro, Albiege Fernandes (Bia) e Vitória Lima (li, nestes dias, crônicas deles com afetivas referências sobre o empreendimento).
O Bar da Xoxota chegou a receber atores e cantores de fora que se apresentavam em João Pessoa, levados pelos seus próprios públicos e produtores, também a ser ponto de venda de ingressos para iniciativas artísticas em João Pessoa. Sobre o cardápio, do que mais se fala ainda hoje é do seu baião de dois, uma delícia nordestina de larga popularidade. Pois está aí mais uma reminiscência pessoense.
O Bar da Xoxota faz parte dos bares da cidade que não podem ser vistos apenas como meros pontos de encontro para o consumo de bebidas, mas como cápsulas do tempo, preservando memórias coletivas de épocas passadas e refletindo mudanças socioculturais ao longo dos anos.
Fonte: Sergio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba