Belezas e tormentos à parte, até hoje é um mistério a origem do nome Baía da Traição. Acajutibiró, que referencia a abundância de caju na região, era como os indígenas a nomeavam. Já os portugueses passaram a chamá-la de Baía da Traição, possivelmente em virtude de um episódio sangrento ali ocorrido durante a passagem da frota de Américo Vespúcio ou Gonçalo Coelho ou Gaspar de Lemos ou André Gonçalves ou desse povo todo junto (1501), quando índias supostamente atraíram marinheiros à terra e os mataram diante dos que permaneciam nos navios, que não hesitaram em aproveitar a oportunidade para zarpar.
Ao fim e ao cabo, terminaram descobrindo a Baía da Guanabara e o pau-brasil, que nomeou o país. Foi a primeira expedição exploratória portuguesa, ao Brasil, após o descobrimento, em 1500. Desde então, o território de Baía da Traição ou Acajutibiró passou a ser motivo de cobiça dos europeus, destacadamente os próprios portugueses, os franceses e os holandeses. Todos eles pisaram e até conviveram por espaços de tempo consideráveis com os nativos potiguaras: os franceses, explorando o pau-brasil, por conta de sua utilidade, não apenas como madeira, mas também pela produção de um corante vermelho muito apreciado na Europa; os portugueses, também por isso, mas principalmente com o objetivo de ocupar as terras que descobriram e explorá-la convenientemente; e os holandeses, basicamente interessados na produção de açúcar e sua comercialização na Europa.
No decorrer do tempo, a localização geográfica da Baía da Traição, com sua enseada protegida e acesso ao oceano Atlântico, conferiu-lhe relevância estratégica, sendo utilizada para defesa e controle territorial pelos europeus.
Hoje, além da importância histórica e cultural, na condição de berço dos potiguaras e de uma das primeiras terras pisadas por europeus, nas Américas, a Baía da Traição se destaca por suas belezas naturais, como praias, rios e manguezais, que são atrativos turísticos importantes para a economia local. Mas é, sobretudo, território que carrega a memória da ocupação europeia e da resistência indígena, além de ser um espaço de preservação ambiental.
Sergio Mario Botelho de Araujo Paraibano, nascido em João Pessoa em 20 de fevereiro de 1950, residindo em Brasília. Já trabalhou nos jornais O Norte, A União e Correio da Paraíba, rádios CBN-João Pessoa, FM O Norte e Tabajara, e TV Correio da Paraíba. Foi assessor de Comunicação na Câmara dos Deputados e Senado Federal.