Sendo uma cidade basicamente marcada, em suas origens, pela arquitetura portuguesa, João Pessoa naturalmente possui representação da azulejaria lusitana. O Casarão dos Azulejos, a Igreja do Carmo e o adro do Conjunto Franciscano são as obras remanescentes mais ilustrativas desse elemento decorativo-funcional.
Mas há outros locais da cidade que ostentam a azulejaria portuguesa. Um deles é o Palácio da Redenção, parte do conjunto erguido pela Companhia de Jesus, nos tempos coloniais. Atualmente em obras, o originalmente convento sofreu várias reformas, a partir do Século XIX, sendo considerado hoje uma obra eclética.
A respeito dos azulejos ali existentes, transcrevo descrição feita por Luciano Schaffer Pereira, do Instituto Federal de Educação da Paraíba, e Thiago Gomes Medeiros, da Universidade Federal de Ouro Preto, na produção acadêmica “Um olhar sobre a geodiversidade ex-situ no entorno da Praça João Pessoa, João Pessoa, Paraíba, Nordeste do Brasil”.
No referido trabalho, dizem seus autores que “as salas {do Palácio da Redenção} são adornadas por azulejos portugueses, com destaque para o claustro, com um painel que retrata a chegada das Caravelas do Descobrimento do Brasil, denotando sua tipologia revivalista, obra da fábrica Francisca Constância, de Lisboa.
Foi encomendada em 1912 e construída por técnica majólica e moldura recortada com excelente qualidade. A argila ligeiramente avermelhada, denota a presença de óxido de ferro em contato com a água. A perda de aderência de parte do conjunto fez com que algumas peças se soltassem. Na porção inferior desse painel, junto ao piso, um banco foi adornado por azulejos da segunda metade do século XIX com padrão em ferradura, de origem desconhecida”. No momento, todo o prédio vive processo de reforma e revitalização, com o propósito final de sua transformação em museu.
Fotos do patrimônio azulejar do Palácio da Redenção. O de cima, painel retratando a chegada das Caravelas; o outro, banco adornado por azulejos portugueses da segunda metade do século XIX. Crédito: Luciano S. Pereira, reproduzidas no trabalho acadêmico já citado.