Opinião

PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS: Associação Paraibana de Imprensa, sede doada por José Leal - Por Sérgio Botelho

O ato criador da Associação Paraibana de Imprensa (API), em 7 de setembro de 1933, aconteceu de um jeito meio que na contramão do seu destino. Os interessados locais na criação da entidade aproveitaram a visita à Paraíba (inauguração do monumento em homenagem a João Pessoa, na praça do mesmo nome) do então presidente Getúlio Vargas.

Foto: Internet

O ato criador da Associação Paraibana de Imprensa (API), em 7 de setembro de 1933, aconteceu de um jeito meio que na contramão do seu destino. Os interessados locais na criação da entidade aproveitaram a visita à Paraíba (inauguração do monumento em homenagem a João Pessoa, na praça do mesmo nome) do então presidente Getúlio Vargas.

O evento, benzido pelo poder, e presidido pelo ministro da Viação José Américo, foi assim noticiado por A União, órgão oficial do governo, edição de 8 de setembro daquele ano, então sob o comando da Aliança Liberal: “Associação Paraibana de Imprensa. Sob a presidência de honra do ministro {da Viação} José Américo e com a presença do general Gois Monteiro foi fundado, ontem, esse instituto de classe”. O general, que assumiria o Ministério da Guerra no ano seguinte ao da fundação da API, era um alagoano com história militar no Rio Grande do Sul, sendo um dos comandantes fardados da Revolução de 1930.

Gois Monteiro carregou fama de cultivar pendores nazistas, acusação refutada por ele durante palestra quando, apesar disso, se confirmou simpatizante dos generais alemães. O evento aconteceu debaixo de pompas e circunstâncias no Instituto Histórico e Geográfico da Paraíba (IHGP), contando além das presenças de José Américo e de Gois Monteiro, com a do interventor estadual Gratuliano de Brito. Mas também de representantes de órgãos de imprensa da região e da capital federal que acompanhavam a comitiva presidencial.

Por força do ato improvisado, na pressa em contar com o brilho de tantas autoridades e representantes da imprensa nacional, a entidade nasceu sem estatuto. Ficaria o seu primeiro presidente, Samuel Duarte (na época, diretor da Imprensa Oficial da Paraíba, e que depois brilhou no jornalismo da capital federal e no exercício do cargo de deputado federal na Câmara), de providenciá-lo. Com o tempo, a missão foi cumprida, e em seu artigo primeiro estava o objetivo permanente da associação: “A Associação Paraibana de Imprensa – API ou A.P.I. –, sociedade civil, com sede e foro na cidade de João Pessoa, fundada a 7 de setembro de 1933, tem por princípio fundamental a plena liberdade de imprensa e como fins a orientação, a defesa, a assistência social e cultural e a união dos jornalistas e seus demais associados em todas as áreas de atividade profissional”.

Somente em 1954 é que a associação passou a ter uma sede oficial, na Visconde de Pelotas (a da foto), onde até hoje se abriga. O prédio foi doado pelo seu presidente de então, José Leal Ramos, um autodidata com vários livros escritos e considerado o decano da imprensa paraibana. Dois de seus sobrinhos pontificaram na imprensa pessoense, a posteriori, no caso os irmãos Willis Leal e Teócrito Leal. Na década de 1960, a API assumiu perfil mais engajado com os problemas sociais e políticos do estado, tendo, na época, desempenhado significativo papel na peleja empreendida pelas Ligas Camponesas.

Ainda hoje, as eleições na entidade são sempre bastante participativas, e nelas se envolvem não apenas os jornalistas como também os donos de órgãos de imprensa, igualmente com direito à filiação.

Do primeiro ao que está no cargo, eis os presidentes da API, ao longo do tempo, alguns por mais de uma vez e outros por anos a fio: Samuel Duarte, Orris Barbosa, Rocha Barreto, José Leal, Adalberto Barreto, José Souto, Gonzaga Rodrigues, Severino Ramos, Carlos Aranha, Nonato Guedes, Agnaldo Almeida, Walter Santos, Rubens Nóbrega, Nonato Bandeira, Antonio Costa, José Euflávio, João Pinto, Marcela Sitonio e o atual Marcos Weric.

Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba