Concorridas eram as retretas nas atuais praças João Pessoa (antiga Comendador Felizardo) e Venâncio Neiva, na primeira metade do Século XX.
Os referidos eventos, geralmente animados pelas bandas da Força Pública (Polícia Militar) e do 22º Batalhão de Caçadores (depois 15º Regimento de Infantaria), criavam um ambiente propício para o encontro de jovens (destacadamente) e adultos.
Naquele período histórico, onde as normas sociais eram bem conservadoras, as retretas ofereciam chance legítima e socialmente aceita para que a sociedade interagisse. As famílias frequentemente compareciam em conjunto, mas era natural que os jovens encontrassem momentos para trocar olhares, sorrisos e iniciar conversas sutis sob a atmosfera envolvente da música ao vivo.
A disposição espacial das retretas, em torno do coreto, na Praça João Pessoa, e do Pavilhão do Chá, na Venâncio Neiva, permitia livre circulação dos participantes. As moças, sobretudo, deixavam o confinamento, somente aliviado pelas janelas de suas casas, onde se debruçavam para observar os passantes, e, quem sabe, estabelecer alguma paquera.
Na retreta, o ambiente descontraído atenuava as rígidas barreiras sociais vigentes, tornando o flerte mais fácil. Além disso, a música desempenhava papel catalisador nesses encontros. Canções românticas ou melodias conhecidas estimulavam as conversas.
As retretas das praças João Pessoa e Venâncio Neiva, portanto, foram verdadeiros pontos de convergência social. Em muitas narrativas familiares, antigamente, era comum ouvir histórias de casais que se conheceram ou estreitaram laços, naquelas circunstâncias.
Dessa maneira, o significado das antigas retretas da cidade reside na criação de um espaço onde a música e a convivência social se encontravam, permitindo que relações pessoais florescessem em ambiente acolhedor e festivo, além dos limites residenciais.
Elas representam um capítulo importante na história das relações sociais e comunitárias, na capital paraibana.
Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba