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PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS. As irmandades católicas - Por Sérgio Botelho

Foto da antiga Igreja do Rosário, no atual Ponto de Cem Reis
Foto da antiga Igreja do Rosário, no atual Ponto de Cem Reis

As irmandades católicas na Paraíba surgiram com a chegada dos colonizadores portugueses, trazendo consigo a fé e as tradições religiosas da Europa. Em sua existência, elas serviam como centros de convivência e apoio mútuo, unindo moradores e segmentos sociais, especialmente índios, negros e pardos, em torno de devoções a santos padroeiros.

Afora o espiritual, as irmandades atuavam como sociedades mutualistas, oferecendo auxílio material. Distribuíam alimentos, cuidavam dos doentes e organizavam funerais, preenchendo lacunas deixadas pelo Estado ausente. Além disso, preservavam tradições culturais, fortalecendo identidades em meio à adversidade. Para isso, construíam e administravam igrejas, como foram os casos dos templos dedicados à Nossa Senhora do Rosário, no atual Ponto de Cem Reis, à Nossa Senhora das Mercês, na hoje Praça 1817, e à Nossa Senhora Mãe dos Homens, na atual Praça Antônio Pessoa, em Tambiá, promovendo festas religiosas, procissões e atividades de caridade.

Para escravos, indígenas e mestiços, as irmandades ofereciam um espaço onde podiam expressar sua fé, mas também encontrar algum sentido de pertencimento, em uma sociedade marcada pela exploração extremada do trabalho alheio, e muita segregação social. Entre final do Século XIX e início do XX, existiam as seguintes irmandades na Parahyba, atual João Pessoa: de Nossa Senhora das Mercês, de São José, de Nossa Senhora do Rosário, de Senhor Bom Jesus dos Martírios, de Senhor Bom Jesus da Pobreza, de São Benedito da Cruz, de São Benedito do Capítulo e de Nossa Senhora da Conceição.

Com o advento da República, as irmandades na Paraíba enfrentaram novos desafios, traduzidos pela secularização gradual da sociedade e da igreja, e as naturais transformações políticas e urbanas, afetando a influência que possuíam. Junto com a derrubada das principais igrejas das irmandades (Mercês, Rosário e Mãe dos Homens), pelo poder público, elas (as irmandades), com o amém da Cúria, também ruíram junto.