A Rua Nova, que depois foi Marquês do Herval, e hoje se chama General Osório (o detalhe é que ambos os homenageados são gaúchos e lutaram na Guerra do Paraguai), se inscreve como uma das ruas dos tempos de origem da capital paraibana, marcando o início da edificação da cidade alta.
A via, que liga a Catedral Basílica de Nossa Senhora das Neves à Praça Venâncio Neiva e ao Cordão Encarnado, pode ser vista, nos seus traçados iniciais, em mapas urbanos do Século XVII, elaborados por holandeses ou portugueses, junto com a rua da Areia, a Ladeira São Francisco, a Direita (Duque de Caxias) e da Cadeia (Visconde de Pelotas).
Para alcançar a rua Nova, ao longo do tempo, foram abertas as principais ladeiras do centro histórico pessoense ligando a Cidade Baixa à Alta, a partir da Rua da Areia, a exemplo da Borborema, da Feliciano Coelho e da Carioca (esta, contígua, em seu trajeto, ao Beco da Misericórdia, hoje, em toda a sua extensão, rua Peregrino de Carvalho).
Além da Basílica já referida, motivo maior de sua existência, desde a época de simples capela dedicada à santa padroeira da cidade, a rua General Osório abriga prédios históricos da capital paraibana, como o do Mosteiro de São Bento, da Loja Maçônica Branca Dias, da Biblioteca Pública, do Grupo Escolar Thomaz Mindelo, do antigo cinema Filipéia, do oitão do conjunto dos Jesuítas, e da Praça Venâncio Neiva.
Sem esquecer todo um casario representativo de fases da história urbana pessoense. No quesito da modernidade, destaque para o edifício 18 Andares, o primeiro do tipo “arranha-céu” da cidade. Outras vias históricas de João Pessoa são perpendiculares à General Osório, como a avenida Guedes Pereira, a rua Silva Jardim, a escadaria Malagrida, afora as ruas Irineu Pinto e da República.
Também foi uma das primeiras a receberem calçamento na antiga cidade da Parahyba, o que aconteceu entre o final de 1906 e início de 1907. O intendente municipal naquele momento era o professor Francisco Xavier Junior, natural de Pilar, nomeado para o cargo pelo presidente do estado, monsenhor Walfredo Leal, natural de Areia.
Durante séculos, a Rua General Osório serviu de palco ao principal evento da cidade, a religiosa e profana Festa das Neves, a celebrar a padroeira e a data de fundação da cidade (5 de agosto) hoje em dia deslocada, em sua parte profana, para a Lagoa do Parque Solon de Lucena.
Ao longo da rua, entre os dois passeios, na Século XX, eram montados os pavilhões e as barracas da festa. Foi na versão da festa, em 1897, que a cidade assistiu pela primeira vez, a um filme. Apenas dois anos depois de sua exibição em Paris, o público paraibano teve a oportunidade de assistir aos 40 segundos da Chegada de um Trem à Estação, tão maravilhado quanto o parisiense. Afinal, não se tratava mais de um retrato, uma imagem estática, mas da própria vida em movimento, perpetuada.
A rua Nova pessoense (assim como acontece com outras ruas Nova pelos centros históricos de várias cidades brasileiras) é muito marcante para a nossa história.
Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba