Opinião

PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS: A retomada do DCE da UFPB em 1976 - Por Sérgio Botelho

O ano de 1976 representou ainda um duro período da ditatura no Brasil. Embora o regime estivesse caminhando para um processo lento de abertura

PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS: A retomada do DCE da UFPB em 1976 - Por Sérgio Botelho

O ano de 1976 representou ainda um duro período da ditatura no Brasil. Embora o regime estivesse caminhando para um processo lento de abertura, a repressão aos movimentos sociais e estudantis ainda era intensa.

As universidades, historicamente redutos de mobilização e contestação política, estavam sob forte vigilância do aparato estatal no intuito de impedir qualquer tipo de organização autônoma da juventude.

Na UFPB, a previsão legal dos Diretórios Acadêmicos (DAs) e dos Diretórios Centrais dos Estudantes (DCEs) existia, mas, por força das limitações impostas pelo regime, não funcionavam.

A principal barreira era o formato das eleições, pois, enquanto as representações de curso eram escolhidas por votação direta, os DAs tinham suas lideranças eleitas pelos representantes de curso, e o DCE, por sua vez, era escolhido pelos presidentes dos DAs.

Sem esquecer que a UFPB tinha uma estrutura multicampi, exigindo uma mobilização bem mais dificultosa, por envolver também as unidades do interior. Portanto, o modelo dificultava a ascensão de lideranças efetivamente engajadas com as demandas dos estudantes, tornando o processo uma espécie de filtro para impedir que vozes críticas ao regime chegassem a posições estratégicas.

Apesar disso, a juventude universitária da UFPB acabou encontrando maneiras de se mobilizar. Pequenos grupos se organizaram nos bastidores para articular candidaturas comprometidas com a proposta. A turma conseguiu eleger diretamente representantes de cursos, daí, os presidentes dos DAs e, então, o presidente do DCE, cargo que coube ao então estudante de Filosofia e Direito, Severino Dutra, hoje professor aposentado da UFPB.

O reitor da época era o engenheiro campinense, Lynaldo Cavalcanti, diga-se de passagem, responsável por importante arejamento acadêmico na UFPB. A conquista do DCE representou importante marco político na luta por maior representatividade e autonomia do movimento estudantil.

A partir de então, mesmo com limitações, o DCE pode servir como canal de encaminhamento a reivindicações estudantis e, mesmo, no auxílio às lutas da comunidade. Luta histórica.

Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba

Sérgio Botelho

Sergio Mario Botelho de Araujo Paraibano, nascido em João Pessoa em 20 de fevereiro de 1950, residindo em Brasília. Já trabalhou nos jornais O Norte, A União e Correio da Paraíba, rádios CBN-João Pessoa, FM O Norte e Tabajara, e TV Correio da Paraíba. Foi assessor de Comunicação na Câmara dos Deputados e Senado Federal.