Opinião

PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS. A fotografia “vuco-vuco” dos “lambe-lambes” - Por Sérgio Botelho

Não pertenciam somente aos camelôs os espaços de trabalho, a céu aberto, das praças Aristides Lobo e Pedro Américo

PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS. A fotografia “vuco-vuco” dos “lambe-lambes” - Por Sérgio Botelho

Não pertenciam somente aos camelôs os espaços de trabalho, a céu aberto, das praças Aristides Lobo e Pedro Américo, notadamente, da primeira. Também reinavam ali os históricos “lambe-lambes”, responsáveis pelas fotografias que a gente chamava de “vuco-vuco”.

A época dos fotógrafos “lambe-lambes” é um capítulo fascinante e nostálgico da história da fotografia em João Pessoa (aliás, no Brasil inteiro), mais fortemente até a década de 1970. Os “lambe-lambes” operavam câmeras antigas, geralmente de fole, que permitiam ajustes de foco e enquadramento, embora não tão precisos.

O processo de revelação rápida, feito em condições precárias e com os equipamentos limitados, resultava em imagens que podiam apresentar problemas como baixa nitidez, distorções, manchas ou desequilíbrios de luz. O apelido “lambe-lambe” teria surgido no período em que eram utilizadas placas de vidro para fazer os negativos e os fotógrafos lambiam a placa para determinar o lado da emulsão fotográfica.

Grande parte do sucesso dos “lambe-lambes” estava relacionada justamente à agilidade, frente a necessidades de última hora, na entrega de fotos, especialmente as famosas 3×4, frequentemente exigidas para documentos, matrículas escolares, alistamento militar, carteiras de trabalho e outros fins burocráticos.

Afora a fotografia entregue na hora, os “lambe-lambes” eram acessíveis, por trabalharem em locais públicos e com um jeito descontraído de lidar com os clientes, o que tornava a experiência de tirar uma foto mais descomplicada e até divertida.

Para muitas pessoas, especialmente as mais humildes, e aos visitantes do interior, que queriam registrar a passagem pela capital paraibana, com direito à paisagem da praça, eles eram a única opção viável, já que os estúdios fotográficos, além de menos ágeis, nesse processo, eram caros e intimidativos.

Olhando para trás, as fotos dos “lambe-lambes”, mesmo com suas imperfeições, carregam um valor histórico e sentimental bastante significativo, para a cidade.

Foto atual da Praça Aristides Lobo

Sérgio Botelho

Sergio Mario Botelho de Araujo Paraibano, nascido em João Pessoa em 20 de fevereiro de 1950, residindo em Brasília. Já trabalhou nos jornais O Norte, A União e Correio da Paraíba, rádios CBN-João Pessoa, FM O Norte e Tabajara, e TV Correio da Paraíba. Foi assessor de Comunicação na Câmara dos Deputados e Senado Federal.