Não pertenciam somente aos camelôs os espaços de trabalho, a céu aberto, das praças Aristides Lobo e Pedro Américo, notadamente, da primeira. Também reinavam ali os históricos “lambe-lambes”, responsáveis pelas fotografias que a gente chamava de “vuco-vuco”.
A época dos fotógrafos “lambe-lambes” é um capítulo fascinante e nostálgico da história da fotografia em João Pessoa (aliás, no Brasil inteiro), mais fortemente até a década de 1970. Os “lambe-lambes” operavam câmeras antigas, geralmente de fole, que permitiam ajustes de foco e enquadramento, embora não tão precisos.
O processo de revelação rápida, feito em condições precárias e com os equipamentos limitados, resultava em imagens que podiam apresentar problemas como baixa nitidez, distorções, manchas ou desequilíbrios de luz. O apelido “lambe-lambe” teria surgido no período em que eram utilizadas placas de vidro para fazer os negativos e os fotógrafos lambiam a placa para determinar o lado da emulsão fotográfica.
Grande parte do sucesso dos “lambe-lambes” estava relacionada justamente à agilidade, frente a necessidades de última hora, na entrega de fotos, especialmente as famosas 3×4, frequentemente exigidas para documentos, matrículas escolares, alistamento militar, carteiras de trabalho e outros fins burocráticos.
Afora a fotografia entregue na hora, os “lambe-lambes” eram acessíveis, por trabalharem em locais públicos e com um jeito descontraído de lidar com os clientes, o que tornava a experiência de tirar uma foto mais descomplicada e até divertida.
Para muitas pessoas, especialmente as mais humildes, e aos visitantes do interior, que queriam registrar a passagem pela capital paraibana, com direito à paisagem da praça, eles eram a única opção viável, já que os estúdios fotográficos, além de menos ágeis, nesse processo, eram caros e intimidativos.
Olhando para trás, as fotos dos “lambe-lambes”, mesmo com suas imperfeições, carregam um valor histórico e sentimental bastante significativo, para a cidade.
Foto atual da Praça Aristides Lobo
Sergio Mario Botelho de Araujo Paraibano, nascido em João Pessoa em 20 de fevereiro de 1950, residindo em Brasília. Já trabalhou nos jornais O Norte, A União e Correio da Paraíba, rádios CBN-João Pessoa, FM O Norte e Tabajara, e TV Correio da Paraíba. Foi assessor de Comunicação na Câmara dos Deputados e Senado Federal.