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Praias do Poço, Formosa e Ponta de Matos são as três mais antigas praias de veraneio consideradas de João Pessoa, apesar da aparente contradição geográfica, uma vez que nem Ponta de Matos nem Poço nem Formosa seguem dentro dos limites urbanos da Capital Paraibana. Mas um dia estiveram, pelo menos até 1956. A partir desta data é que Cabedelo ganhou autonomia de vez, levando a estibordo essas belas praias, e reduzindo o litoral pessoense às de Bessa, Manaíra, Tambaú, Cabo Branco, Seixas, Penha, Jacarapé, Arraial, Praia do Sol e Gramame. Contudo, até meados da década de 1950, eram aquelas praias as preferidas para veraneio das famílias de classes média e alta da capital paraibana. Inclusive, dos presidentes de Província, até 1889, passando pelos presidentes de Estado, até a Revolução de 1930, e, a partir de então, governadores. (Bastante contestado, Venâncio Neiva, o primeiro presidente do estado pós-República, por exemplo, foi uma vez deposto enquanto se encontrava veraneando em Cabedelo, recobrando o poder na volta). Tambaú, naqueles tempos, era ainda um lugar ermo na configuração urbana da capital paraibana, restrito a colônias de pescadores e a uma ou outra casa de veraneio. Era enorme a dificuldade para chegar até a nossa orla urbana mais famosa, hoje em dia, mesmo com a Epitácio Pessoa aberta desde a década de 1920, afora as difíceis condições de habitabilidade locais. Nas primeiras décadas de 1900, o trem se tornou importante meio de transporte para a condução dos veranistas até Cabedelo, linha inaugurada em 1889. Antes, barcos faziam o transporte de veranistas, no leito do Sanhauá-Paraíba. Em 28 de novembro de 1917, A União noticiava em matéria de capa que “Embarcou ontem para a Praia Formosa, onde vai veranear, o sr. Dr. Camilo de Hollanda, presidente do Estado. O sr. Dr. Camillo de Holanda seguiu pelo trem das 8 e 20”. Em 21 de janeiro de 1928, a mesma A União anunciava em sua manchete de capa “No isolamento de sua residência de verão em Praia Formosa, o presidente João Suassuna recebe excepcionais homenagens pelo seu natalício”. Era lá que o pai de Ariano, enquanto responsável pelo governo da Paraíba, passava sua vilegiatura, segundo informava o jornal, termo usado para explicar uma temporada de férias. “Veio ontem da Praia do Poço, onde está veraneando com sua excelentíssima família, o integérrimo (sic) Dr. Pedro Bandeira, Juiz de Direito de Guarabira”, dizia nota em A União de 14 de novembro de 1906. Mesmo até algum tempo depois de as praias de Tambaú, Manaíra e Cabo Branco conquistadas e urbanizadas, Ponta de Matos, Formosa e Poço continuaram sendo as preferidas para veraneio. Hoje em dia, com João Pessoa e Cabedelo definitivamente unidas em termos urbanos, essas praias e mais Camboinha, Ponta de Campina e Intermares são locais de moradia fixa, de inverno a verão, de parte da população que trabalha e entende residir na capital. Nos limites da Paraíba, veraneio fica para os lados de Conde e Pitimbu, ao sul, enquanto ao norte, Baía da Traição e Barra de Camaratuba.

Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Sérgio Botelho