Foi pisar naquela calçada do antigo Cine Municipal, na esquina das atuais ruas Visconde de Pelotas e Barão do Abiahy/Eliseu César, que as lembranças não me largaram.
Nas minhas evocações — é claro, porque do meu tempo —, destaque para o cinema mesmo, com suas sessões de arte às quintas-feiras, uma marca na vida de muita gente entre o final da década de 1960 e os primeiros anos da década de 1970.
Mas como, outro dia, falei sobre o assunto, fui buscar mais histórias sobre aquela parte da cidade. Descobri que o lugar já foi uma praça, a Barão do Abiahy, onde existiu um mercado com o nome de Tambiá.
Junto com um outro na Beaurepaire Rohan, que tinha o nome da rua, e de mais um, na Praça XV de Novembro, o Mercado do Porto, os três serviram como locais de abastecimento dos gêneros de primeira necessidade para a gente de João Pessoa, na primeira metade do Século XX.
Fiquei pensando quantas milhares de pessoas ali se encontraram e conversaram, ao longo do tempo, sobre a cidade e as suas próprias vidas, com amigos, vizinhos e comerciantes, formando um ambiente de interação social tão importante. Para nós, que fazemos parte dessa linha de tempo, é natural nos tocarmos com tais recordações.
Isso nos mostra o verdadeiro sentido do ato de preservar e celebrar a memória, que não deve ser entendido como um desejo de retornar ao passado ou de lamentar o que foi perdido.
Diferentemente disso, é uma forma de reconhecer a importância das etapas já vividas, pela comunidade, das mudanças enfrentadas, e das contribuições feitas por aqueles que nos antecederam.
Há muito de sagrado, por exemplo, em praças, mercados, cinemas de rua, teatros e outros locais de encontro comunitário. Portanto, saber que aquele sítio urbano foi praça, feira livre e cinema, e, até hoje, importante caminho da gente pessoense, emociona.
Na foto, o antigo espaço da Praça Barão do Abiahy e do Mercado de Tambiá, atualmente.
Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba