Em meio à década de 70 ergueu-se um equipamento de lazer na orla marítima de Tambaú que acabou fazendo história na capital paraibana.
O moinho de ideias chamado Willis Leal, de saudosa memória, descendente em linha direta de José Leal, decano da imprensa paraibana, foi o responsável. Homem ligado à história do jornalismo, do cinema e do turismo pessoense, celibatário por convicção, junto a outros da mesma orientação vocacional, fundaram o Clube dos Solteiros.
A expressão física maior desse clube acabou sendo o Maravalha Praia Clube, na Avenida Tamandaré, zona central das praias urbanas pessoenses. O Maravalha situava-se vizinho ao Edifício Cannes, tendo promovido durante sua existência, que não foi tão longa, lamentavelmente, festas homéricas reunindo associados e convidados.
Na parte da frente, ocupando generoso terreno, estavam as mesas para servir a quem bem quisesse e entendesse no dia a dia da vida boêmia e turística de Tambaú. A localização e a mística do Maravalha atraiam centenas de fregueses, celibatários ou casados, especialmente nos finais de semana, quando Tambaú, como ainda hoje acontece, recebia milhares de frequentadores em suas areias.
No Maravalha predominava a música eletrônica, mas, nos finais da tarde, era comum rodas de violão em suas mesas, acompanhadas por batuqueiros improvisados. A festa do dia, comumente, entrava pela noite, muitas vezes, para desespero dos vizinhos do Cannes. A alegria predominava no Maravalha, tendo se transformado em um dos points turísticos de João Pessoa naquela época.
Aliás, registre-se que eram poucas as ofertas nesse setor na capital paraibana daqueles tempos. De onde Willis tirou o nome de Maravalha, há pistas. Na cidade de São Miguel de Taipu, a história registra o Engenho Maravalha, da família Lins, certamente parentes de José Lins do Rego, filho dos engenhos paraibanos.
Nascido há menos de 100 quilômetros das terras do Engenho, mais precisamente em Alagoa Nova, Willis Leal pode ter ido buscar por ali a sua inspiração, ou sido motivado por alguns dos fundadores do Maravalha, descendente direto dos Lins de São Miguel do Taipu. Só sei dizer que, seja lá como tenha sido, o Maravalha foi desses ambientes do lazer pessoense que marcaram época, deixando saudades, até hoje.
E, tanto assim, que ainda assoma à nossa memória sobre a João Pessoa de algumas décadas atrás. Justamente quando se estava construindo o viés turístico da cidade, rumo a uma vocação da qual, apesar de natural resistência do pessoense, vai se firmando irresistivelmente. E, nessa construção, Willis Leal, seus companheiros de então e o Maravalha têm lugar de destaque.
Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba