Uma idealização de Luis Carlos Vasconcelos, executada por ele e Everaldo Pontes (irmão da consagrada atriz paraibana Zezita Matos), dois dos atores mais festejados da constelação artística paraibana, a originalmente Escola de Teatro Piollin se acomodou de início, ainda bem longe do tamanho que viria a alcançar, em sala na parte baixa da cidade.
Logo depois, após lances de arrojo e determinação, passou a exercer suas funções em uma das dependências do velho Conjunto de São Francisco. Desde 1980, no entanto, a obra se instalou no antigo Engenho Paul (capítulo especial de nossas crônicas), no Róger, vizinho ao Parque Arruda Câmara (Bica), ocupando a Casa Grande, a Casa de Farinha e a antiga Senzala, com administração, cursos e um teatro.
A iniciativa cultural homenageia renomado ator paulista nascido Abelardo Pinto, mas popularizado com o nome de Piollin, que viveu entre os anos de 1897 e 1973. Pelo que representou, o ator-palhaço é igualmente reverenciado em várias cidades do país, com projetos semelhantes ao de João Pessoa.
Voltando à história paraibana, no ano de 1976 o grupo originador da Escola Piollin ganhou um prêmio em dinheiro na Bahia, investindo a pequena fortuna na preparação do prédio do conjunto arquitetônico pertencente à Arquidiocese. Assim, o Piollin foi inaugurado para valer em 27 de março de 1977, Dia Mundial do Teatro e do Circo, promovendo, a partir de então, encenações teatrais em feiras e praças de João Pessoa.
Foi dessa maneira que cresceu em notoriedade artística na capital paraibana. Não se tratava apenas de um grupo de encenação teatral, mas também de ensino artístico. O maior sucesso quem inicialmente fazia era o próprio Luis Carlos Vasconcelos, com seu Palhaço Xuxu. Nas apresentações comunitárias empreendia a conquista de alunos para o Piollin, como afetivamente passou a ser conhecida a Escola como um todo.
Segundo reportagem de A União, assinada pelo jornalista Joel Cavalcanti, publicada em maio do ano passado, a primeira montagem foi da peça A Viagem de um Barquinho (1978), uma adaptação do texto de Silvia Ortoff, que percorreu os bairros da cidade. No mesmo ano, ainda de acordo com a matéria, o grupo estreou Os Pirralhos, onde trabalhavam as “crianças de Cajazeiras” Soia Lira, Nanego Lira, Marcélia Cartaxo, Lincoln Rolim e Eliézer Rolim (um verdadeiro laboratório de estrelas).
Contudo, o maior espetáculo montado até hoje pelo Piollin, com estreia datada de 1992, na capital paraibana, foi a peça Vau de Sarapalha, adaptação, cenário e direção de Luiz Carlos Vasconcelos, com prêmios e repercussão internacional, baseada no conto Sarapalha, de Guimarães Rosa.
Escurinho (na trilha sonora), Everaldo Pontes, Nanego Lira, Servílio de Holanda e Soia Lira, todos eles paraibaníssimos, portanto, compuseram o elenco. Apesar de tudo o que representa, encerro essa breve crônica sobre o extraordinário empreendimento artístico paraibano informando pesarosamente que desde 2017 a obra parou de funcionar.
No que pese a força dada pelo cantor e compositor paraibano Chico César ao realizar show beneficente em sua (do Piollin) favor em 2012.
{Na foto, gentilmente cedida pelo ator e professor Buda Lira (dirigente da instituição entre 2005 e 2016, e um de seus baluartes), responsável por algumas informações preciosas para o texto, é vista a arquibancada do Piollin, na época do conjunto franciscano, onde marcaram presenças inesquecíveis o conjunto Tarancón e Elba Ramalho}.
Fonte: Sergio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba