O bairro do Róger, tão tradicional em João Pessoa, poderia ter tomado o nome de Burinhosa, primeira proprietária da área, devidamente registrada, mas acabou homenageando um dono posterior, o inglês de sobrenome Roggers. A história do tradicional bairro se efetiva no processo de expansão dos limites da cidade, mais celeremente incrementado após o advento da República, tendo como referências físicas os complexos católicos de São Francisco e das Carmelitas. Sua expansão acontece ao mesmo tempo que os ricos proprietários de terra, comerciantes e profissionais liberais iam construindo suas residências na estrada de Tambiá, rumo ao leste da cidade, o que torna a história da área que se chama justamente Tambiá, tão imbrincada com a do Róger. Nessa fronteira, surgiu primeiramente o que hoje se chama de Alto Róger, se expandindo, de forma gradual, até as proximidades do Sanhauá, no que passou a se chamar de Baixo Róger. Há, no bairro, relevantes estruturas urbanas da cidade de João Pessoa, como o Parque Zoobotânico Arruda Câmara (conhecido como Bica) e o presídio do Róger (oficialmente, Flóscolo da Nóbrega). Outros equipamentos urbanos de grande significado associativo para o esporte e para a vida pessoense, pontificaram no Róger, como são os casos do Estádio Agostinho Tomaz, mais conhecido como Campo do 11 (do 11 Esporte Clube), e do Guarany Esporte Clube Recreativo, formadores de atletas e de cidadãos. Sem falar na tradicionalíssima Padaria Flor das Neves, referência para toda a cidade. De triste memória, existiu nos seus limites, por um longo tempo, o Lixão do Róger, a céu aberto, para onde era destinado praticamente todo os detritos de João Pessoa, uma verdadeira chaga a enfear e desmerecer e poluir o bairro e a cidade. Cinco educandários que foram estabelecidos no bairro, sendo três de orientação confessional católica (os colégios Sagrado Coração de Jesus, Seminário Diocesano e João XXIII) e dois públicos (o grupo Escolar Epitácio Pessoa e o Colégio Estadual do Róger, esse último, que ocupou o espaço físico do antigo seminário), são marcantes para a história da educação pessoense. O Róger foi sempre um cadinho vibrante da cultura popular da cidade batizada sob a proteção de Nossa Senhora das Neves, justamente a cultura que perdura e rompe as barreiras do tempo e se impõe como formadora do verdadeiro espírito do seu povo. O tradicional carnaval pessoense, por exemplo, estabeleceu o Roger como uma de suas sedes e fator de inspiração a encantar gente de todos os outros bairros da capital, não somente por sediar blocos memoráveis, mas também pelos desfiles de troças, escolas de samba, tribos indígenas (caboclinhos) e maracatus. No campo religioso e das efemérides realce para a tradicional e marcante Festa de Santa Terezinha, padroeira da comunidade, entre 23 de setembro e 1º de outubro, acompanhando calendário católico mundial. Como normalmente acontece nessas festas de inspiração religiosa, a de Santa Terezinha também comportava a parte profana, com barracas nas ruas e shows populares, a reproduzir, em menor dimensão, a tradicional Festa das Neves. Portanto, o Róger é um dos bairros que definem a alma da capital paraibana. Suas histórias e tradições são fundamentais para entender a identidade cultural da cidade. Do seu passado às transformações modernas, o Róger continua a ser um reflexo vibrante da cultura e do espírito comunitário que moldaram João Pessoa.
(As fotos são nossas e retratam o Parque Zoobotânico Arruda Câmara, tradicional Bica, no Róger)