Quando Luiz Ferreira Maciel Pinheiro nasceu, em 11 de dezembro de 1839, na capital da Província de Parahyba do Norte, o Brasil ainda vivia em pleno regime monárquico e escravista, contra os quais ele viria a ser um dos mais fortes e destacados críticos. Ainda na Cidade de Parahyba, atual João Pessoa, Maciel Pinheiro fez todo o seu ciclo de estudos primário, ginasial e de humanidades, indo realizar o curso superior na Faculdade de Direito do Recife.
Durante a permanência na vetusta e prestigiada faculdade pernambucana, dirigiu o jornal estudantil O Futuro, que tinha como redatores, além dele, o poeta Castro Alves e o escritor Martins Junior. Juntos, encabeçaram lutas de cunho democrático memoráveis, contra a escravidão e o regime monárquico.
Ao estourar a Guerra do Paraguai, 1864-1870, o paraibano, ainda estudante, se alistou no exército e participou da guerra, onde adquiriu moléstia que o deixou debilitado pelo resto da vida, o que acabou causando sua morte, enfim, em 9 de novembro de 1889, aos 50 anos.
Meses antes de falecer, em junho de 1889, Maciel Pinheiro e Martins Junior fundaram, em Recife, o jornal O Norte, com o objetivo de transformar a publicação em porta-voz da luta pela implantação da República, mas de duração efêmera, em virtude do falecimento do paraibano.
Segundo sua biografia, disposta pela Academia Paraibana de Letras, exerceu a Promotoria Pública de Santo Antônio da Patrulha, no Rio Grande do Sul; Juiz Substituto em Recife; Juiz em Imperatriz, Ceará. Retornando a Pernambuco, assumiu o cargo de Juiz em Taquaritinga, e em Timbaúba, quando foi transferido para o interior do Pará.
Neste último caso, como castigo por suas ideias, o que o fez abandonar a magistratura. Pela representatividade e importância, Maciel Pinheiro passou a ser nome de uma das principais artérias urbanas da Cidade de Parahyba, justamente a rua Maciel Pinheiro, e na capital pernambucana, virou nome de importante praça (onde hoje se encontra estátua da escritora ucraniana Clarice Lispector, que viveu em Recife) no bairro central de Boa Vista.
Em ambos os casos, substituiu o nome do Conde d’Eu (o francês Louis Philippe Marie Ferdinand Gaston), marido da Princesa Isabel. Em seu livro, Espumas Flutuantes, Castro Alves incluiu um poema inteiramente dedicado ao amigo, exatamente com o título “A Maciel Pinheiro”, cuja primeira estrofe diz assim: “Partes amigo do teu antro de águias, Onde gerava um pensamento enorme, Tingindo as asas no levante rubro, Quando nos vales inda a sombra dorme… Na fronte vasta, como um céu de ideias, Aonde os astros surgem mais e mais… Quiseste a luz das boreais auroras… Deus acompanhe o peregrino audaz.”
O poema foi escrito quando Maciel Pinheiro deixou o curso de Direito para lutar na Guerra do Paraguai, composto por seis estrofes de oito versos, todas terminadas com o “Deus acompanhe o peregrino audaz”.
A morte de Maciel Pinheiro foi noticiada em todo país. Em Fortaleza o jornal Libertador-Diário da Tarde, dedicou-lhe a primeira e a segunda páginas inteiras, com a manchete “Homenagem à memória do grande patriota dr. Luiz Ferreira Maciel Pinheiro” e o subtítulo “…Deus acompanhe o peregrino audaz”, inteiramente grafados em letras maiúsculas.
O paraibano ocupou a cadeira nº 22, da Academia Pernambucana de Letras, e é patrona da mesma cadeira na Academia Paraibana de Letras. Grande Maciel Pinheiro!