A presença da religião católica entre os indígenas brasileiros remonta da conquista do Brasil pelos portugueses. Primeiro, chegavam os soldados; na sequência, os padres. À medida que as igrejas foram sendo construídas, e a nova doutrina ensinada, os naturais da terra foram assimilando, ao menos em parte, os valores cristãos.
Assim, unindo crenças próprias às do cristianismo europeu, e vencidos pelo maior poderio bélico dos portugueses, os indígenas terminaram assentados em limitadas faixas de terra, aqui e acolá dotadas de uma igreja, no correr do tempo. Foi o que aconteceu nas terras paraibanas.
Após a conquista definitiva da Capitania da Paraíba, em 1585, a resistência dos potiguaras, antigos proprietários, até continuaram, mas foram minguando até serem reunidos em aldeias espalhadas pelos atuais municípios de Baía da Traição, Rio Tinto e Marcação, principalmente.
Como resultado do roteiro traçado pelos conquistadores, a maioria das aldeias indígenas desses municípios tem santo padroeiro próprio, festejado cada um em sua data, com grande contentamento.
É quando os índios celebram a vida e agradecem vitórias alcançadas na luta pela preservação das reservas, historicamente ameaçadas por gente exclusivamente interessada em lucrar com elas.
Apesar dos vários santos, o mais festejado deles é São Miguel Arcanjo, tido como protetor de todos os potiguaras, e da própria Baía da Traição. Então, famílias indígenas e não indígenas da região se locomovem até a Aldeia de São Miguel, para as festas profanas e o novenário, entre os dias 20 e 29 de setembro. A festa acontece desde 1703.
Tida como a mais antiga das capelas erguidas nos atuais territórios indígenas da Paraíba, construída entre os séculos XVII e XVIII, a Igreja de São Miguel, tombada pelo patrimônio histórico, está em ruínas. No entanto, os indígenas conseguiram recuperar boa parte do mobiliário e utensílios da igreja original, erguendo, então, uma nova igrejinha, dando continuidade às homenagens.
Nessa conformidade, o visitante tem a oportunidade de conviver com os descendentes potiguaras e seus costumes. De quebra, visitar locais de impressionante beleza e significação histórica, como também aproveitar os rios e os ambientes naturais preservados, entre os quais, as praias de Baía da Traição, unindo, assim, a fruição espiritual, o conhecimento histórico e o exercício do prazer.
A imagem, divulgação do governo da Paraíba (Trilha dos Potiguaras), mostra a velha e a nova igreja de São Miguel, em Baía da Traição.
Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba