Cachorro-quente tem em todo canto, até nos Estados Unidos, de onde vem o nome hot-dog, basicamente, pão com salsicha. Agora, igual ao de João Pessoa, não tem.
Aqui entre nós, a fórmula original evoluiu enormemente… e muito melhor ficou a Leste do Sanhauá! Ontem, fui lembrado pelo meu caro amigo, desde os bancos do Lyceu Paraibano, José Mário Espínola, cardiologista conceituado e exímio cronista. Ele começou lembrando, e com toda a propriedade, a barraca de cachorro-quente da Nêga, na Festa das Neves, a mesma que mantinha festejado restaurante na tradicional Praia do Poço, um paraíso atlântico amado há tempos imemoriais pela gente de Parahyba do Norte.
Não era um cachorro-quente ainda tão sofisticado quanto o de hoje. Mas não tinha mais nada a ver com o hot-dog ianque. Em João Pessoa, no pãozinho de massa fina que passou a ser oficialmente conhecido como pão de cachorro-quente, em todas as padarias da cidade, Nêga decidiu enxertar uma carne moída temperada ao seu gosto, de enlouquecer gente de todas as idades.
Outros, na sequência, foram entrando em campo, a exemplo de Tibúrcio, Jurandir, Zé e Madruga (este, no Ponto Chic do Ponto de Cem Reis), que também passaram a fazer parte do time de craques na preparação do cachorro-quente em João Pessoa. A Festa das Neves era aonde esses mestres culinários (menos Madruga, permanentemente em seu ponto, tão perto da festa) e suas equipes geralmente numerosas se digladiavam.
Passado o outrora mais esperado festejo de época na capital paraibana, as casas especializadas no cachorro-quente, erguidas em pedra e cal ou em madeira, foram se espalhando pela cidade. Com o passar do tempo, a receita evoluiu e hoje o cachorro-quente pessoense substitui tranquilamente o almoço ou o jantar. Continua dominado pela carne moída bem temperada? Sim, continua. Mas também vem acompanhado de ervilhas (uma primeira sofisticação, inventada por Zé), salsicha, ovo de codorna, tomates picados, azeitonas, maionese, mostarda, molho de tomate e, para os que gostam, um delicioso e providencial caldo de cana. Uma festa para os sentidos!
Os mais famosos cachorros-quentes da atualidade estão em Jaguaribe, começando pelo Mundial Lanches (o preferido pelo doutor José Mário, e desde 2022 reconhecido como Patrimônio Histórico, Cultural e Bem Imaterial do Estado da Paraíba), sob o comando de Jurandir, e o do Zé. Porém, há outras opções na própria Jaguaribe, em Manaíra, na Epitácio Pessoa, na Torre, em Tambaú, no Retão, no Castelo Branco em tudo que é lugar de João Pessoa tem cachorro-quente de qualidade!
O cachorro-quente pessoense, hoje, é mais do que uma refeição. Cada mordida é um lembrete de que a cidade não é apenas um lugar no mapa, mas um lugar que guarda suas memórias e sabores, como é o caso do nosso cachorro-quente.
Fonte: Sergio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba