Opinião

PARAHYBA DO NORTE E SUAS HISTÓRIAS: A tragédia do pensionato da rua 13 de maio - Por Sérgio Botelho

A madrugada de 18 de março de 1981 ficou guardada na memória da cidade de João Pessoa como um momento trágico. As chuvas torrenciais que caíram sobre a capital paraibana, durante todo o dia, e fizeram com que o rio Jaguaribe subisse dois metros, inundado comunidades ribeirinhas, também foram responsáveis pela morte de uma jovem cearense do Crato que estudava em João Pessoa.

Foto: Internet

A madrugada de 18 de março de 1981 ficou guardada na memória da cidade de João Pessoa como um momento trágico. As chuvas torrenciais que caíram sobre a capital paraibana, durante todo o dia, e fizeram com que o rio Jaguaribe subisse dois metros, inundado comunidades ribeirinhas, também foram responsáveis pela morte de uma jovem cearense do Crato que estudava em João Pessoa.

Regina Cláudia Borges Salviano, de apenas 19 anos, foi vítima do temporal enquanto dormia em um pensionato de moças na Rua 13 de maio, no Centro. Em meio à chuva, o piso do seu quarto cedeu e, assim, ela caiu diretamente dentro de um canal de águas pluviais que corria por baixo da casa.

Uma outra amiga de quarto, Verônica Alves de Sousa, que também foi levada pelas águas, teve a sorte de ser conduzida através de outro segmento da galeria, terminando dentro da Lagoa e sendo salva. Outra pessoa caiu na galeria, mas permaneceu nas proximidades do quarto, socorrida por meio de uma escada.

Tão logo a tragédia aconteceu, o Corpo de Bombeiros foi acionado e as buscas nas galerias próximas à Lagoa do Parque Solon de Lucena, completamente inundado pelas águas da chuva, duraram mais de 13 horas. Até que o corpo da moça fosse encontrado, encalhado numa bifurcação de galerias, milhares de pessoas se postaram no parque, a maioria rezando. O então arcebispo da Paraíba, Dom José Maria Pires, orientou todas as paróquias da cidade para que houvesse momentos de oração, pela moça, durante as missas matinais.

A galeria que desmoronou vinha do Ponto de Cem Reis, atravessava a Visconde de Pelotas passando por baixo dos prédios que ficavam no trajeto, inclusive o do Banorte e o do CompreBem, atravessando o subsolo da 13 de maio e das casas no caminho para a Lagoa. Uma dessas casas era justamente a do pensionato onde estava a moça.

Nas avaliações que foram feitas na galeria, depois, os engenheiros detectaram em vários trechos o arruinamento da parte de baixo da tubulação, o que tornava frágil todo o conjunto da obra, resultando na tragédia. Ou seja, falta de manutenção, o que seria providência obrigatória do poder público, que não fora empreendido no tempo necessário.

Até hoje a história ainda comove as pessoas que a viveram na época, e fui buscá-la em sua inteireza nas edições de A União, de 19 e 20 de março de 1981, após ter sido lembrado da data pela minha amiga Babyne Neiva, no Facebook, quando em passant toquei no assunto, ao abordar o Pietro’s.

Foto: Internet

(Foto da época, de A União, mostra o povo em frente à casa onde ocorreu a tragédia, na rua 13 de Maio. A outra, atual, é do prédio que ocupa o terreno que foi do pensionato)

Fonte: Sergio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba