Em 12 de junho de 1900, o Teatro Santa Roza, na então cidade da Parahyba, inaugurado no lusco-fusco do regime imperial, em 3 de novembro de 1889, foi palco de trágica ocorrência envolvendo o mágico sueco Jau Balabrega e seu assistente, Lui Bartelle.
À tarde, durante ensaio do número que seria apresentado naquela noite, um projetor movido a querosene explodiu, resultando na morte imediata de ambos. A explosão foi de tal magnitude que fragmentos dos corpos foram lançados pelo palco e plateia, causando uma cena de horror que abalou a capital paraibana.
O teatro sofreu danos significativos, com cenários destruídos e incêndios controlados graças à intervenção do 27º Batalhão de Infantaria do Exército (onde o jovem João Pessoa chegou a sentar praça, após desaguisado na Escola Militar de Praia Vermelha, no Rio, onde servia), aquartelado em frente ao teatro, onde hoje funciona o Quartel da Polícia Militar.
O trágico evento marcou profundamente a história do Santa Roza — cujo nome homenageia o último presidente da Província de Paraíba do Norte, Francisco da Gama Roza —, alimentando lendas e relatos de aparições que perduram até hoje. (Aliás, todo teatro antigo que se preze tem suas histórias de assombrações).
Funcionários e visitantes ocasionalmente mencionam experiências aparentemente inexplicáveis, sem comprovação oficial desses fenômenos. A tragédia foi registrada em livro pela jornalista e historiadora Fátima Araújo, “Santa Roza 120 Anos”, publicado em 2009.
Em 2012, o saudoso Eliezer Rolim, lastimavelmente ceifado pela Covid, em 2022, estreou espetáculo intitulado “Efeméride”, por meio da Cia. Sirius, com texto inspirado no desastre com Balabrega.
Hoje, o Teatro Santa Roza segue como guardião das memórias da cidade, cenário de tragédias, glórias e incontáveis emoções vividas sob sua imponente arquitetura neoclássica.
Mais do que um patrimônio material, ele é uma síntese da alma paraibana, onde passado e presente coexistem em uma contínua encenação de vida e arte.
Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba