A rua Maciel Pinheiro, bem ao lado da parte urbana (onde nasceu a cidade hoje chamada João Pessoa) que margeia o Sanhauá, desde cedo foi vocacionada para o grande varejo. Afinal, também na parte vizinha ficavam o porto e os armazéns, constituindo o comércio em grosso.
Ao longo do tempo, o referido logradouro assumiu os nomes de Rua do Comércio (naturalmente), Rua das Convertidas (por comportar um estabelecimento de religiosas, destinado a abrigar prostitutas envelhecidas ou que procuravam deixar a prostituição), Rua Conde D’Eu (príncipe consorte, marido da Princesa Isabel) e, finalmente, Maciel Pinheiro (paraibano nascido na capital, jornalista e ativista republicano).
À medida que a cidade subia, e o Varadouro via cair sua importância, a Maciel Pinheiro também ia decaindo. Em alguns de seus becos, já a partir da década de 1940, há notícias do funcionamento de cabarés.
No entanto, foi a partir de 1950 que ganhou a sua mais expressiva casa noturna com mulheres, música, bar, restaurante e quartos. A informação a seguir é do Memória João Pessoa, da Universidade Federal da Paraíba, cada vez melhor em suas pesquisas sobre a cidade: “no dia 15 de abril de 1950 foi inaugurada, na Rua Maciel Pinheiro, a ‘Pensão da Hosana’, com apresentação do cantor Nelson Gonçalves, então em destaque no cenário musical brasileiro”.
Pense num luxo! Afinal, se tratava de um dos artistas da música brasileira mais festejados na época, vindo a João Pessoa a fim de inaugurar um lupanar que somente cresceria em fama nos anos subsequentes, sendo hoje quase uma lenda da vida noturna pessoense.
A partir da “Pensão da Hosana”, e com o inevitável declínio da rua, principalmente como local de moradia (havia o costume dos proprietários das casas comerciais, que funcionavam no térreo, residirem na parte de cima do prédio), outras casas noturnas, de luxo igual ou inferior, foram se instalando na Maciel Pinheiro e adjacências.
Com a expansão da cidade rumo ao norte, ao sul e ao leste, as famílias foram se mudando para casas mais confortáveis e modernas, na parte alta da capital paraibana.
Dessa maneira, a cidade baixa foi modelando uma fisionomia urbana, mais afeita à boêmia, que marcou muito a vida pessoense, especialmente nas décadas de 1950, 1960 e 1970, servindo de cenário a fatos e lendas que hoje fazem parte do inconsciente coletivo da cidade.
Na década de 1980, Hosana chegou a ser capa de importante revista pessoense, de circulação estadual.
(A foto é do trajeto inicial da rua Maciel Pinheiro)
Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba