PARAHYBA DO NORTE E SUAS HISTÓRIAS: A Padaria Flor das Neves - Por Sérgio Botelho

Das iguarias oferecidas pela Padaria Flor das Neves, a lembrança de menino me leva à bolacha Rainha. Ia bem com um cafezinho ou apenas como complemento do lanche. Porém, tudo o que uma panificadora produz, vindo daquele empreendimento do Róger, ganhava o gosto da geral pessoense. Havia o tradicional pão francês (o preferido), mas também o seda, o brote, o crioulo e o carteira, feitos com a massa fina. As filas eram enormes, de carros e de gente, principalmente nos finais de tarde. O endereço virou referência para muitos acontecimentos da capital paraibana (nas confluências da praça Dom Adauto, rua Odon Bezerra e rua Joaquim Nabuco, o local mais tradicionalmente reconhecido como entrada para o Róger, tendo como vizinhos, ao longo do tempo, o Colégio Sagrado Coração de Jesus, na Joaquim Nabuco, e a Igreja de São Vicente de Paulo, na Odon Bezerra). Ainda hoje é desnecessário minuciar tudo isso quando o propósito for o de informar sobre eventual ponto de algum acontecimento, bastando apenas instruir “na Padaria Flor das Neves”. Em seu período de maior alcance físico, o parque de diversões da Festa das Neves chegou até ali, quando a prefeitura decidiu não ocupar mais os espaços internos da Praça Dom Adauto. Também foi referência para os tradicionais carnavais de rua do bairro do Róger, que concentravam a partir “da Padaria Flor das Neves”. Já no Século XXI, o Folia de Rua também chegou a marcar território “na Padaria Flor das Neves”. Portanto, entre as memórias afetivas da cidade de João Pessoa tem lugar cativo a Padaria Flor das Neves, empreendimento particular dos mais antigos da cidade; na categoria, o mais emblemático do Roger. Iniciativas, como a da Padaria Flor das Neves, entre outras que tais, compõem a identidade cultural de João Pessoa. Anteontem, fui tomar um café na Padaria Flor das Neves, para matar a saudade. Lógico, há bastante dessemelhanças. Mas ainda existe no mesmo lugar e com o mesmo nome. Et voilá!