opinião

Os subversivos - Por Rui Leitão

No período que em que o Brasil viveu uma ditadura militar todo indivíduo que contestasse o regime era considerado “subversivo”. Não havia limite jurídico, ético e moral para tratar esses que eram tidos como inimigos do governo. Praticava-se a “legalidade autoritária”, patrocinando uma repressão baseada na censura, na tortura e nas prisões arbitrárias. Muitos dos brasileiros classificados na época como “subversivos” desapareceram, sem que se tenha qualquer notícia de como isso aconteceu.

No período que em que o Brasil viveu uma ditadura militar todo indivíduo que contestasse o regime era considerado “subversivo”. Não havia limite jurídico, ético e moral para tratar esses que eram tidos como inimigos do governo. Praticava-se a “legalidade autoritária”, patrocinando uma repressão baseada na censura, na tortura e nas prisões arbitrárias. Muitos dos brasileiros classificados na época como “subversivos” desapareceram, sem que se tenha qualquer notícia de como isso aconteceu.

Eram acusados de simpatizantes ou militantes do comunismo, mesmo que nada pudesse comprovar essa classificação. Bastava que não concordassem com o sistema de tirania então exercido. As Forças Armadas se transformaram em polícia anticomunista, adotando uma perseguição que se afirmou como política de Estado. Cidadãos eram submetidos a punições com requintes de crueldade pelo simples fato de emitirem uma opinião crítica ao governo ou reivindicarem liberdades democráticas. Deflagrara-se uma “guerra psicológica” contra os indivíduos que defendessem teses compreendidas pelos ditadores como doutrina de esquerda. Foi montado um aparato repressivo de controle com o fim de conter ações de oposição ao regime.

Motivos políticos justificavam a prática de métodos violentos para enfrentar as pessoas indicadas como “subversivas”, atingindo homens e mulheres, muitas delas grávidas, e até crianças. Através da tortura procuravam imprimir às vítimas a destruição moral pela ruptura dos limites emocionais. Muitos inocentes foram presos e submetidos aos mais degradantes suplícios. Aplicando métodos agressivos violavam o princípio da liberdade política concernente ao exercício da cidadania. Não havia o mínimo respeito aos direitos humanos.

A direita radical que emergiu em nosso país na contemporaneidade, revela-se saudosa desse tempo. Os divergentes da ideologia da extrema direita são chamados de “esquerdopatas”, mas também de comunistas, para que o discurso ideológico não perca sua capacidade de manipular consciências alienadas politicamente. Estão sendo igualmente apontados como subversivos aqueles que resistem à prática das ilegalidades desconstitutivas da democracia. Tentam impor uma escalada autoritária aos que se mobilizam contra a violência político-econômica institucional.

Estimulam a esquizofrenia da memória para que sejam esquecidas as atrocidades cometidas pela ditadura militar. E quem não se ajustar a esse novo pensar ultra-conservador passa a ser rotulado como subversivo.

Fonte: Rui Leitão
Créditos: Polêmica Paraíba